Por João Fróis
No seio da tempestade que esta pandemia trouxe sem fim à vista, a falta de preparação de governos e entidades públicas tem sido por demais evidente.
E nas tentativas de acautelar danos maiores, as medidas têm sido tão díspares quanto eficazes. E quanto a eficácia a App Stay Away Covid demonstra à evidência a real distância entre um quadro de intenções e a sua efetiva concretização. Que nos caso foi praticamente nula.
O governo fez uma propaganda forte sobre a enorme utilidade de termos uma App que nos ajudasse a melhor nos protegermos dos riscos de infeção. Mas pouco disse sobre os procedimentos para que a mesma pudesse ser verdadeiramente possível.
Ora estamos agora a perceber o quão esvaziada de sentido e de efetividade esta App demonstra ser.
Foram 1,1 milhões de portugueses a descarregar a App, no pressuposto de terem ali um aliado para se protegerem de focos potenciais de infeção.
Rui Rio, provavelmente sem perceber o alcance das suas dúvidas, atirou contra a App e o facto de não ter sido avisado pela aplicação aquando da sua presença no conselho de estado.
Foi então que vieram a terreiro esclarecer todos os procedimentos necessários para que a informação seja carregada na aplicação. E com ou sem espanto percebemos que cada pessoa infetada necessita de um código, cedido por uma entidade de saúde e que posteriormente a tem de colocar na App.
Ou seja, depende de vários passos e intervenientes e nesta senda, a subjetividade da intenção e disponibilidade prática para a efetivação, tornam-se adversários da viabilidade da intenção subjacente à criação da dita aplicação.
Posto isto, os números dizem quase tudo. Do mais de um milhão de cidadãos que descarregaram a App, apenas 113 a tornaram útil ao colocarem a informação sobre a sua situação através do código que receberam. A relação é esmagadora. Apenas 0,01% dos aderentes efetivaram a aplicação com a informação útil que lhe dá sentido.
Pior é percebermos que o governo gastou 400 mil euros nesta App.
Uma vez mais se gasta dinheiro dos contribuintes de uma forma ligeira, mal gizada e sem quaisquer ganhos para quem deveria à partida beneficiar da sua criação.
Infelizmente, este é apenas mais um triste exemplo da má gestão e incompetência com que se lida com o dinheiro de todos nós. Podem vir milhões de Bruxelas mas sem competência, seriedade e justiça na sua distribuição e acima de tudo, investimento, de nada nos valerá. Tal como os anos 90 do século passado demonstraram sem apelo nem agravo. Apetece dizer Stay Away politics!