Nesta história que vou contar, a única constante foram os dias quentes e o Sol de Verão. Em tudo o resto? Contrastes. Num dia, a beleza e paz de um resort de golfe e spa em Torres Vedras. Noutro, a paisagem de betão e o ruído de automóveis no coração de Olaias. E ali estava eu, a somar a coordenação com equipas de audiovisual aos muitos papéis e funções que já me desafiei a fazer na vida.
“Quem gosta de surpresas?” – perguntava o Ricardo Mendoza em meados da sua palestra. À coletânea entusiasta de mãos que se levantavam no ar, o Ricardo respondia com um sorriso: “Gostam quando são boas. Quando são más chamam-lhes problemas.”
A vida é feita de muitos momentos e experiências marcantes, parte dos quais chegam sem aviso prévio. Por vezes são bons, por vezes são maus. Ainda assim, existe uma categoria muito mais destrutiva para a maioria das pessoas: a incerteza. A categoria da expectativa daquilo que poderá vir a acontecer, mas não é certo. Em que a falta de garantias da sua concretização apenas agudiza mais essa ansiedade que nos faz sobrestimar negativamente o seu impacto. E a estende ao longo do tempo. Quem nunca perdeu noites de sono ou viveu dias com um peso no peito por algo que ainda está para acontecer?
Temos tanto medo da incerteza que há um estudo que revelou que as pessoas sentem mais stress quando lhes é dito que têm uma probabilidade de 50% de levar um choque do que quando têm uma probabilidade de 100%. Aprender a navegar as águas da incerteza é uma necessidade num mundo em constante mudança.
E diria que é também possível aprender a gostar de viver com ela. A incerteza que nos atormenta é a mesma que nos faz vibrar com um resultado de um jogo de futebol ou o final de um filme sem spoilers. No fundo, se tudo fosse pré-determinado ou conhecido que enfadonho seria. Aprendamos então a viver a vida como ávidos leitores de um livro. Inundados de furor e entusiasmo à medida que abraçamos cada novo capítulo. Sem certezas de como será o fim, mas com memórias únicas e orgulho na nossa jornada.