O Lar de São João, no Cartaxo, voltou a fazer a festa com o seu tradicional arraial popular, na quente noite do passado sábado, com muita animação e a indispensável sardinha assada, onde nem a chuva faltou para refrescar os convivas
A noite ainda estava a começar, com muitas mesas já ocupadas onde se começavam a provar as sardinhas, o caldo verde e tantos outros petiscos e doces, e eis que uma chuva refrescante acalma, por momentos, o forte calor que se fazia sentir. Num curto espaço de tempo, muitos levantaram-se das mesas, refugiando-se debaixo de telha, mas depressa puderam voltar a ocupar os seus lugares e festejar o São João. Também muitos dos utentes voltaram para o exterior, depois de resguardados da chuva, porque esta festa, que eles tanto gostam, também é para eles.
Como vem sendo habitual, há já vários anos, a casa estava cheia, com mais de 150 pessoas sentadas para jantar e tantas outras que iam chegando para a festa. “O arraial de São João é uma data muito especial, é uma festa que se faz há muitos anos e que nos enche a alma”, diz-nos o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Cartaxo, Jorge Nogueira, acrescentando que esta “é uma festa descomplicada, em que nós queremos receber as pessoas, que vêm para uma arraial com boa disposição, os nossos utentes sentem essa boa disposição e nós continuamos a fazer de tudo para manter este arraial”.
Certo é que visitantes, utentes e funcionários, todos fazem a festa. Nesta noite, para além dos habituais Charruas, todos cantaram e dançaram também ao som dos Cartaxinhos e assistiram às marchas populares ‘da casa’, com funcionárias e utentes a bailar e a girar com os arcos e manjericos, animando esta noite de S. João. Para Jorge Nogueira é um orgulho “ver que as pessoas apesar do esforço que têm que desenvolver todos os dias ainda conseguem ter ânimo para se envolver na marcha”, referindo que “ano após ano, tentamos sempre envolver os funcionários e é sempre complicado, porque o seu trabalho é sempre muito duro, é exigido muito esforço físico, e é de boa vontade que elas participam, com o intuito de dar mais alegria aos nossos utentes”.
Nesta longa noite de arraial no Lar de São João nunca falta a quermesse, onde as rifas dão sempre prémio, e uma venda de artesanato feito pelas mãos de utentes da casa, assim como manjericos, ervas aromáticas e outros produtos naturais ali produzidos, com o intuito de angariar mais alguma receita para a Santa Casa da Misericórdia do Cartaxo, que este ano completa 70 anos de existência a apoiar quem mais precisa, nomeadamente a população mais idosa (e, por inerência, as suas famílias). E, segundo o provedor, “cá estamos com as dificuldades normais, continuamos com uma lista de espera de cerca de 300 pessoas e muitas expetativas das pessoas para virem para cá”. Situação complicada “porque estamos completamente lotados e andamos sempre a tentar apagar fogos. Todos os dias, temos casos difíceis de pessoas a precisar de ajuda”, revela Jorge Nogueira, na noite mais animada do Lar de São João.