Por João Frois
Estamos a assistir a um fenómeno de histeria coletiva em face de um surto que em nada difere dos da já conhecida gripe.
O Corona vírus, independentemente da sua origem, não difere praticamente de uma qualquer das estirpes da gripe, sejam A ou B. Recentemente os laboratórios lançaram as vacinas tetravalentes, ou seja, contém anticorpos que combatem as quatro variantes conhecidas, um avanço farmacêutico face às anteriores trivalentes e que deixavam uma das variantes de fora.
Mas uma gripe continua a não ter cura. A resposta continua a ser só sistema imunitário do indíviduo infetado e se for saudável a recuperação faz-se em cerca de duas semanas. O problema está normalmente no grau de risco que a saúde de cada um comporta. É precisamente por essa razão que os mais frágeis são os que carecem de maiores cuidados. Os idosos, crianças, doentes imuno-suprimidos e acamados surgem como potenciais lesados da infeção viral e neste particular a situação não é diferente com o Covid 19, vulgo Corona vírus.
A diferença substancial reside no facto de a gripe ter sintomas na sua fase de incubação e transmissão, permitindo detetar o vírus e prevenir o risco de contágio, contrariamente ao Corona vírus que não revela sintomas e está a propagar-se a uma velocidade vertiginosa devido a não ser detetado.
Mas essa característica não faz dele um mal maior do que é realmente.
Infelizmente a comunicação social insiste em passar a mensagem que já morreram milhares de indíviduos infetados e que a razão foi o Corona vírus. O erro começa aqui. O vírus só por si não mata. Tal como a gripe também não tira a vida a ninguém. São oportunistas e aproveitam as falhas do sistema imunitário para causarem danos maiores do que aqueles que à partida conseguem junto de pessoas saudáveis.
É também essa a razão pela qual a maior parte das pessoas que vem a falecer, tem como causa de morte uma pneumonia. Esta comum infeção respiratória acontece com imensa frequência e ataca sobretudo pessoas hospitalizadas e com outras doenças concomitantes, ou idosos já fragilizados e que padecem de várias patologias agravadas. Mas não se fala normalmente destes números por serem tidos como normais. Perguntamos então, qual a razão para tanto alarmismo a nível mundial?
Na verdade as notícias que vieram da China mostraram quarentenas gigantescas a manterem em casa 50 milhões de pessoas em risco de contágio. E quantas faleceram nessas regiões? Cerca de dois milhares.
Naturalmente lamenta-se toda e qualquer perda de vida humana mas todos os dias morrem no planeta milhares de indíviduos e nascem outros tantos.
Para que as notícias possam ser mais realistas e menos alarmistas devem ser enquadradas numa visão mais alargada dos números da mortalidade em cada zona do globo. Nessa região chinesa quantas pessoas morriam antes do Covid 19 com pneumonias e infeções respiratórias? E quantas foram afetadas por gripe?
Uma vez achados estes números cabe então compará-los aos recentes na presença do Corona vírus. E só então poderiam e deveriam ser transmitidos com total transparência, rigor e sem ponta de alarme nem tão pouco agitação social.
Fica no ar uma sensação de desnorte das autoridades médicas e sanitárias a nível da cooperação internacional e de um pânico crescente face a um fenómeno que, lamentavelmente, tem vindo a impactar o medo e caos em populações facilmente influenciáveis pelos media e pelas redes sociais, pasto da desinformação e fake News.
Por outro lado, assistimos a uma procura desenfreada de máscaras de proteção respiratória e de gel e álcool de desinfeção para as mãos. Os stocks foram vaporizados e alguém anda a faturar, como nunca, com esta autêntica histeria coletiva alimentada por especulação jornalística diária e por campanhas digitais que semeiam o medo e a polémica.
Os laboratórios farmacêuticos estão a trabalhar a um ritmo acelerado na busca de uma solução para travar este vírus mas, no entretanto, muitos mais infetados irão surgir neste mundo global e onde os fluxos de pessoas são enormes e imparáveis.
Também para não causar uma crise económica a nível mundial convinha que o bom senso e a informação equilibrada e ética fosse devidamente acertada entre todos os meios que a trabalham e divulgam. Nunca como agora urge haver uma concertação nas fontes das notícias e um controlo dos danos na libertação de ideias perigosas, falsas e desajustadas da realidade. A internet livre pode em si mesma ser uma ameaça maior que o vírus, pela histeria que gera e pelos incalculáveis problemas e danos que pode gerar em sociedades inteiras.
Haja bom senso e inteligência na gestão da crise.
Não vivemos, felizmente, no tempo da peste negra em que uma infeção bacteriana fazia de qualquer pessoas um alvo fácil, matando, sem apelo, milhões pela Europa fora nessa ida idade média.
Após Fleming ter descoberto a revolucionária penicilina, conhecemos um avanço científico e farmacológico sem igual, permitindo controlar e combater ameaças que até aí nos tornavam vulneráveis a bactérias comuns na natureza e no nosso quotidiano.
Falamos agora de vírus e neste campo há ainda muitos que não têm cura, como o assustador Ébola. Nunca revelou no entanto ter capacidade de propagação a nível mundial e tem sido controlado nas suas áreas de surgimento. Mesmo o antes letal HIV está hoje controlado e com medicação qualquer infetado consegue ter uma vida normal.
Enfrentamos agora um vírus com essa capacidade singular de se dissimular e conseguir viajar com o seu hospedeiro sem que este imagine sequer estar infetado. Isto torna-o perigoso pela velocidade de propagação. Mas não faz dele algo que, à evidência, se percebe. Não é letal para pessoas saudáveis. E após qualquer quarentena, todos os infetados recuperam e voltam à sua vida normal. Tal como numa gripe.
Um bom serviço que as autoridades de saúde mundiais fariam ao bem da sociedade seria dizer isso mesmo, que estamos em presença de um vírus em tudo semelhante ao da gripe, com essa diferença na falta de sintomas na fase de contágio mas que, e ressalve-se, não é mais letal que a gripe, sendo tão oportunista como esta e tendo igual capacidade de matar os mais fracos e débeis.
Se nos dissessem que era “apenas” mais uma gripe, haveria esta histeria coletiva? Haja bom senso e ponderação na gestão da informação por parte de todos os que têm responsabilidade em comunicar sobre o Covid 19. Porque para incendiar mentes bastam as odiosas redes sociais.
Continuemos pois a viver as nossas vidas. Com cuidados sim, mas sem alimentar teorias fantasiosas e profecias do caos.