Insegurança é o sentimento comum aos comerciantes que o Jornal de Cá foi ouvir na Rua Batalhoz, no Cartaxo. Este sentimento tem origem no facto de a iluminação pública tardar em acender nesta que é a principal artéria da cidade.
“Isto parece uma cidade abandonada”, considera Frederico Guedes, proprietário da Drogaria Howell Guedes, um dos mais antigos estabelecimentos comerciais da cidade.
Salientando que esta é uma crítica construtiva, “o que nós temos comentado neste último inverno, e já vamos no mês de fevereiro, é que se tem verificado, não sei se é por questões de poupança, que a iluminação pública, por exemplo, ontem acendeu às 18h40. Parece que é mesmo quando chega o horário de encerramento das lojas é que vamos dar luz à rua”, acrescenta, adiantando que “a mim faz-me confusão, porque se dizem que o Cartaxo está uma cidade morta, as pessoas dizem que o comércio está morto, custa-me estar a contrariar, porque por parte dos responsáveis camarários estão-nos a faltar ao respeito, porque não encontro outro termo, de estarem a acender a iluminação pública quando sabemos que a partir das seis da tarde já é de noite”.
Segundo disse, os autarcas têm conhecimento, porque “houve pessoas que já se deslocaram à Câmara”.
Por isso, a insegurança é um sentimento real entre estes comerciantes e moradores, porque “nos últimos meses, já andei a correr atrás de três indivíduos devido a assaltos”, refere Frederico Guedes.
“Acho que nós, que temos os nossos impostos em dia, com todo o sacrifício e todo o trabalho, com estas taxas máximas de IMI que nos sobrecarregam mensalmente, também achamos que temo um direito, que é a iluminação pública. De certeza que não iriam gostar se os comerciantes desligassem a luz das montras à noite”, remata.
Opinião semelhante tem Jacinta Leandro, da loja O Sonho. Segundo diz, a luz acende “tardíssimo. Eu sei que acendo as luzes todas da loja precisamente por isso, porque é uma escuridão aqui dentro e é uma tristeza, porque continua a ser uma escuridão na rua. Muitas vezes até vou espreitar para ter a certeza se estão acesas ou não e estão apagadas”.
Além disso, acrescenta Jacinta Leandro, as luzes “já são fraquíssimas. Quando eram os outros candeeiros, eu ia lá à frente e olhava para trás, e conseguia ver a minha montra. Agora que mudaram, nós lá à frente não conseguimos ver”.
Uma situação que origina alguns receios nesta comerciante, “porque eu sou das últimas a sair. Tinha sempre o hábito de ter a porta aberta, mas agora, quando me apercebo que os vizinhos estão a fechar, fecho a porta, porque torna-se muito inseguro”.
“As luzes acendem por volta das 18h30. No horário de inverno já é de noite”, diz Vera Vitorino, funcionária do estabelecimento Maximino da Silva Marques.
Rute Oliveira, na Naturhouse, salienta que “quando saio nem reparo, porque o nosso placard acaba por ter tanta luz, que às vezes supera as luzes da rua. Mas é um facto que, além da falta de luz, é a desproteção que neste momento sentimos. Há um vandalismo muito grande. Obviamente que, também, se não houver luz, agrava, não é?”.
Esta comerciante garante já ter tentado fazer chegar os seus receios à autarquia, “até porque tenho membros da família na Câmara, mas não vale a pena nós andarmos… Temos de nos subjugar àquilo que temos”.
Mas esta situação estende-se, até, à deslocação para as respetivas viaturas. “Está completamente isolado, não se vê ninguém; é perigoso. Já nem falando nas travessas que nos levam até aos nossos veículos… Na Batalhoz, as luzes que sobressaem são mais as dos placards das lojas, as luzes interiores das lojas acabam por iluminar os nossos passos. É uma pena”, lamenta.
A iluminação pública acende por volta das 18h30, 18h40. “Eu, aqui, não tenho nada, estou sozinha. Normalmente, tento não estar sozinha; estou com a minha mãe ou com o meu marido. Eu tenho medo, não é?”, refere Romana Cruz, da loja Marias & Migueis.
Cristina Caeiro, da Inprint, reforça as críticas dos comerciantes. “As luzes acendem sete da tarde, sete e meia. Já é de noite escura. E nós, comerciantes, temos receio de sair das lojas com os dinheiros e essas coisas todas, porque podemos ser assaltados”. Até mesmo dentro das lojas o receio faz parte do dia-a-dia destes comerciantes, porque “não se vê ninguém na rua. Sentimos insegurança”, conclui.