Investigador da Ereira recebe Prémio Mário Soares

Fábio Faria foi distinguido pela sua tese de doutoramento em História

Aos 34 anos, Fábio Faria foi distinguido com o Prémio Mário Soares – Fundação EDP 2021, pela sua tese de doutoramento em História. “Uma grande honra e um enorme privilégio”, realça o investigador natural da Ereira, que diz ser “feliz e realizado a trabalhar em investigação”.

O investigador Fábio Faria, natural da Ereira, recebeu em dezembro, o Prémio Mário Soares – Fundação EDP 2021. Investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, o ereirense venceu a 23ª edição do prémio com a sua tese de doutoramento em História – “Refugiados espanhóis em Portugal: entre a repressão policial e a solidariedade popular (1936-1945)”.

O prémio Mário Soares foi instituído em 1998 para distinguir autores de teses e dissertações ou de outros trabalhos de investigação originais realizados no âmbito da História Contemporânea de Portugal e, em 2021, foi atribuído ao académico do concelho do Cartaxo, por um trabalho que, segundo a Fundação Mário Soares, “resulta de uma investigação rigorosa e inovadora que nos traz uma nova perspetiva sobre os impactos da Guerra Civil de Espanha na Península Ibérica, partindo da análise da presença de refugiados espanhóis em Portugal durante os anos do conflito, e apoiou-se num corpo documental, na sua maioria inédito, assente, em grande parte, em fontes de natureza policial”.

“Em primeiro lugar, receber o Prémio Mário Soares – Fundação EDP 2021 foi, para mim, uma grande honra e um enorme privilégio, tendo em conta a tradição, a importância e a visibilidade que tem no mundo académico português, em particular no domínio da História. É um prémio que acaba por representar o reconhecimento do meu trabalho, creio que não apenas desta tese em concreto, mas também de todo o meu percurso académico, uma vez que tudo o que surge nesta investigação é o resultado de vários anos de aprendizagem no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Neste sentido, só tenho a agradecer a todos os meus professores e, muito particularmente, à minha orientadora, a Professora Doutora Maria João Vaz. Para além disto, é também uma distinção muito importante e significativa em termos de currículo”, reconhece Fábio Faria.

“Apaixonado por História Contemporânea, em particular pela História do século XX”, o investigador conta que “os temas que tenho estudado, particularmente a questão dos refugiados, são, de facto, temas que me interessam bastante por diversas razões: por um lado, a temática dos refugiados continua a ser muito atual, frequentemente ouvimos falar sobre novos e diferentes movimentos de refugiados, daí ter considerado interessante compreender como é que esta questão havia sido tratada no passado; por outro lado, ao desenvolver esta investigação procurei conciliar diversos interesses pessoais, nomeadamente a circulação de pessoas, os conflitos bélicos da primeira metade do século XX e os regimes autoritários e ditatoriais também vigentes durante esse período”.

Ao Jornal de Cá diz que é “um apaixonado por História desde sempre”, recordando “algumas memórias de, na Escola Primária, ficar fascinado a ouvir falar sobre o passado e todos os acontecimentos que nos fizeram chegar até aqui. Creio que foi a partir daí que a paixão por História despertou em mim e se manteve até agora”. O académico conta que o primeiro contacto com a investigação foi quando terminou a licenciatura e ingressou no mestrado em 2013, “mas foi a partir do início do doutoramento, em 2016, que comecei a fazer investigação mais a sério com a vista a concretização da tese”.

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E sente-se “bastante feliz e realizado a trabalhar em investigação, é o que mais gosto de fazer”, garante. Como próximos projetos, “ainda para este ano”, Fábio Faria tenciona publicar a tese de doutoramento em livro e também um pequeno livro sobre a história da Sociedade Filarmónica Ereirense, que celebrou 100 anos, em 2020. Para além disso, acrescenta o investigador, Pretendo também desenvolver uma nova investigação sobre refugiados na Península Ibérica durante a primeira metade do século XX, encontrando-me ainda a colaborar num outro projeto no ISCTE.

Natural da Ereira, Fábio Faria ingressou no ISCTE para estudar História Moderna e Contemporânea, depois de terminar o 12º ano de escolaridade na Escola Secundária do Cartaxo. Ao Jornal de Cá confessa ter “uma ligação muito forte” com a sua terra, “onde continuo a viver desde que nasci, sem nunca ter saído de cá, nem para estudar em Lisboa, uma vez que durante todo o meu percurso académico sempre regressei a casa. Acho que é muito importante conservarmos e valorizarmos as nossas origens e creio que este pensamento contribui para que continue a viver na Ereira”. E aqui continua a ser músico, na Sociedade Filarmónica Ereirense, e a fazer parte do Rancho Folclórico da Casa do Povo da Ereira.

O investigador mereceu um voto de louvor da Assembleia Municipal do Cartaxo, proposto pela bancada do Partido Socialista, pela atribuição deste prémio de âmbito nacional que “é para todos nós motivo do maior orgulho”, e que foi aprovado pela maioria dos eleitos, com os votos contra do partido Chega, que “não se revê em qualquer tipo de votos de louvor que não tenham a ver com os cidadãos e munícipes do Cartaxo”, justificou o eleito Miguel Ribeiro.

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