Jantar Pop Up na Drogaria Howell Guedes

Rafael Teixeira, Dionísio Pereira, Nuno do Carmo, Frederico Guedes, João Paulo Fernades, Nuno Vidigal Leal e João Pedro Varela foram os autores da iniciativa

A Drogaria Howell Guedes, casa centenária e considerada um ex-líbris da cidade, foi palco de um jantar insólito, no centro do Cartaxo, na passada sexta-feira, dia 26 de janeiro

Tudo começou quando Frederico Guedes, gerente da célebre Drogaria Howell Guedes, mítico estabelecimento comercial do Cartaxo, em conversa com João Paulo Fernandes, mentor da iniciativa, mostrou o seu desânimo e preocupação com o decréscimo do movimento na Rua Batalhoz. Este desabafo entre amigos serviu de mote a João Paulo Fernandes para desafiar Frederico Guedes a realizar ali um jantar Pop-Up.

Os eventos Pop-Up são uma tendência em crescimento e são famosos em cidades como Lisboa, São Paulo, Nova York, Paris, Los Angeles e Milão. Os jantares Pop-Up são encontros flash onde grupos de pessoas se reúnem para uma refeição com uma temática definida, num determinado local, considerado inusitado para um jantar. Este tipo de eventos têm sido aproveitados para dar oportunidade a novos talentos da cozinha ou testar conceitos que, depois, se podem tornar em projetos economicamente viáveis.

João Paulo Fernandes lembrou-se de umas perdizes que tinha caçado em Alcoutim, e do vinho da sua produção, um touriga nacional, completamente biológio, “digno de ser apreciado entre amigos” e desafiou Frederico Guedes a fazer-se ali mesmo, naquela casa centenária e uma das mais emblemáticas da cidade, um jantar Pop Up.

Inicialmente, Frederico Guedes não ficou muito recetivo à ideia, mas rapidamente a iniciativa foi acolhida por João Pedro Varela, Rafael Teixeira, Nuno Vidigal Leal, Nuno do Carmo e Dionísio Pereira, que se juntaram a João Paulo Fernandes no desafio a Frederico Guedes para uma refeição fora do habitual, na Drogaria Howell Guedes.

Nesta noite, o tema de conversa foi a Batalhoz, uma rua que em tempos foi a mais movimentada zona de comércio da cidade, e que hoje, para muitos, “está a morrer”, porque “não há dinheiro” ou porque “não há pessoas”. Para João Pedro Varela, um dos convivas que apoiou logo a ideia, “estamos perante uma coisa simples e até pode não dar em nada, mas só o facto de se ter tido a ideia representa a simplicidade de alguém que se preocupa em pensar e querer fazer alguma coisa.  Compete a nós, Cartaxeiros, ter uma ideia ou ser original, fazer qualquer coisa diferente e chamar as pessoas, e é isso que é preciso fazer aqui na rua, fazer coisas diferentes e atrair as pessoas”, explica.

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Já Rafael Teixeira lembra que “nasci a 50 metros deste local e fui criado aqui, saio do Cartaxo às sete da manhã para ir trabalhar e só chego às dez da noite, mas esta é a minha terra. É muito fácil ficar em casa a fazer likes e comentários nas redes sociais, dizer mal e não fazer nada. As pessoas deixaram de se encontrar e reunir fisicamente e está na altura de o voltar a fazer”.

João Paulo Fernandes não tem dúvidas  que “este é o princípio de um grupo de amigos que se quer juntar para debater temas da atualidade e do interesse da terra” e que quer continuar com estes encontros e convidar pessoas que se queiram juntar para conversar, trocar ideias diferenciadoras e degustar uma refeição fora do habitual.  “Foi assim, numa conversa entre amigos, que surgiu o Jornal de Cá”, lembra.

Assim, naquele que é considerado um ex-líbris da cidade e no meio dos mais variados produtos, alguns dos quais produzidos em laboratório próprio, segundo fórmulas ainda hoje secretas e guardadas pela família, como o famoso “Milagroso”, aconteceu este insólito jantar.

À mesa, e logo de entrada, chegaram pela mão de Cristina Oliveira, mulher de Rafael Teixeira, umas sardinhas marinadas, uns pimentos recheados e uns mexilhões de escabeche, entre outras iguarias. Já o prato principal, perdizes bravas estufadas com castanhas, foi confecionado por Dionísio Pereira, um dos convivas e conhecido entre os amigos por ser um cozinheiro de ‘mão cheia’.

Durante o jantar houve, também, uma degustação de vinhos com prova cega, cada um levou uma garrafa de vinho, de preço até 10 euros (combinado entre todos). As garrafas foram encapuzadas e o vinho colocado à prova, para, no final da noite, um deles ser eleito o melhor do jantar.

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