João Sardinha Cruz agraciado com Prémio Carreira pela CVR Tejo

Gala decorreu em Tomar

 

O Enólogo João Sardinha Cruz foi agraciado com o Prémio Carreira, atribuído pela CVR Tejo (Comissão Vitivinícola Regional do Tejo) este sábado, durante a Gala dos Vinhos do Tejo, que decorreu em Tomar.

Um prémio que “significa, para mim, o reconhecimento da região e dos seus responsáveis – CVR Tejo – pelos meus 40 anos de trabalho na área do vinho, quer na enologia propriamente dita, quer na formação e, também, nos cerca de 26 anos de colaboração com as CVR’ s (Cartaxo, Ribatejo, Tejo) como provador, e sempre com empenho, dedicação, bom senso e sentido de responsabilidade”, disse João Sardinha Cruz ao Jornal de Cá.

Há 40 anos a trabalhar no setor, João Sardinha Cruz confessa que o mundo dos vinhos nem sempre foi uma paixão presente na sua vida. “No início não, apesar de provir de uma família de gente ligada ao vinho”. À semelhança do que aconteceu com tantos outros jovens, “quando comecei o meu percurso, em 1977 e após 4 anos de serviço militar, qualquer jovem como eu pretendia ter um emprego, uma casa e casar. Como, felizmente, a minha formação em agricultura era abrangente, a primeira situação que surgiu foi trabalhar numa adega e assim continuei até hoje”. Por isso, o enólogo salienta que “não foi amor à primeira vista, foi antes uma paixão que se foi apoderando de mim ao longo dos anos”.

Atualmente ligado à Adega de Alcanhões, o percurso de João Sardinha Cruz já vai longo, tendo deixado a sua marca por todas as empresas por onde passou. Trabalhou na Adega Cooperativa da Chamusca, “seguindo-se aquela que foi a minha verdadeira Escola – Casa Agrícola Francisco Ribeiro, de Rogério Camilo Ribeiro, durante 9 anos, em que tive a honra de ser discípulo de um dos mais importantes enólogos em Portugal, já desaparecido, de seu nome José Augusto Figueira Curado”, destaca. Passou, igualmente, pela Casa Agrícola Herdeiros de D. Luís de Margaride, em Almeirim, durante 25 anos, pela Agroalpiarça, Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo, Adega Cooperativa de Alpiarça, Manutenção Militar em Lisboa, Quinta do Falcão, Casal do Conde, Sociedade Agrícola do Meirinho e Palmeira . Colaborou com alguns pequenos vitivinicultores que pontualmente solicitavam a sua ajuda e com a Câmara Municipal do Cartaxo, fazendo parte, desde o início e durante vários anos, da comissão organizadora da Festa do Vinho. Fez parte da Tertúlia dos Enófilos, do Cartaxo, e é confrade fundador da Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo.

A sua larga experiência faz com que João Sardinha Cruz já tenha trabalhado com muitas gente. “Gostava de referir, com um certo orgulho, que alguns dos enólogos que hoje dão cartas na região e também no País e no estrangeiro, como pode ser atestado pelos inúmeros prémios ganhos pelos vinhos por eles produzidos, nomeadamente o Pedro Gil, o Carlos do Céu Pereira, o Mário Andrade, além de outros, fizeram o seu estágio de curso comigo. É enorme a satisfação que sinto por terem ganho asas e voado”, salienta, com orgulho indisfarçável.

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Ao longo de 40 anos de atividade, João Sardinha Cruz assegura que “esta questão dos vinhos é, como muitas outras, uma moda”. Se há algumas décadas o trabalhos dos enólogos passava, sobretudo, por “conseguir uma fermentação completa e sem incidentes, sem a ajuda de uma panóplia imensa de tecnologia e produtos enológicos, e o vinho obtido era o que era, que uns gostavam mais deste ou daquele, porque lhes sabia melhor”, atualmente o enólogo “é, de certa forma, um alfaiate com outro tipo de preocupações e que produz o vinho o mais possível ao gosto do consumidor, até porque se trata, além de um prazer, de um modo de vida”, realça.

O enólogo tem de ter em atenção “as iguarias que irão acompanhar, as temperaturas a que são consumidos, coisa com que, há alguns anos, ninguém se preocuparia”. Além disso, João Sardinha Cruz considera que livros, revistas, debates, provas comentadas ou a rotulagem também ajudam no esclarecimento sobre o produto, “o que leva os consumidores a serem mais conhecedores e, simultaneamente, mais exigentes na sua apreciação e nas suas escolhas.  Também a existência de escolas que dão formação na área da enogastronomia contribui sobremaneira para um melhor desempenho nas questões de serviço de vinhos”, remata.

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