Natural de Lisboa onde nasceu em 1908 formou-se em arquitectura deixando o seu traço não só por todo o país mas também pelas antigas colónias de expressão portuguesa. Homem simples, cultivando a serenidade, republicano convicto e embora apoiante dos movimentos de Oposição Democrática a Salazar, essa condição nunca foi impedimento de colaborar com Duarte Pacheco o então brilhante ministro das Obras Públicas do Estado Novo.
Galardoado com o cobiçado “Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura” em 1949, dele se destaca para além de inúmeros conjuntos habitacionais o traçado do Hospital de Santa Maria em Lisboa e os estádios do Braga e do Benfica, antes desta última renovação, com o famoso 3º anel a dar a chama intensa à não menos famosa “catedral da Luz” demolida em 2003 e onde foi utilizado pela primeira vez betão pré-esforçado.
Por meados de século XX o governo pensou mandar fazer pelo país uma espécie de PDM entregando a supervisão urbanística a arquitectos de nomeada para obras de maior vulto em zonas e localidades. Ao Cartaxo coube o nome de João Simões que desenha e faz aprovar o novo Mercado Municipal inaugurado em 16 de Novembro de 1947 assim como o requalificado edifício da Caixa Geral de Depósitos na Rua Mouzinho de Albuquerque. Curiosamente é do seu ateliê que volta a sair o projecto do novo edifício da Câmara Municipal inaugurado em 27 de Junho de 1982 que Renato Campos, primeiro presidente eleito da Câmara Municipal, terá recebido dos seus antecessores. Analisando o projecto com o autor este indicou o nome de Querubim Lapa para a realização do painel de azulejos da frontaria que estava para ser uma parede de vidro e veio a ser azulejo policromado representando as actividades económicas do concelho onde os desenhos das figuras consubstanciam uma simbologia anímica.
Faleceu em Beja aos 87 anos. Segundo o genro, Francisco George, actual Director-Geral de Saúde, num site da internet, a sua capacidade de trabalho era enorme levando noites inteiras em casa a traçar linhas gatinhando sobre uma mesa com a lapiseira numa mão e a régua na outra.
Rogério Coito (Historiador)