José dos Prazeres Batalhoz – Um nome no progresso do Cartaxo

Por Rogério Coito

Homem de negócios, boticário e deputado às Cortes, chegou ao Cartaxo em 1843 e por aqui ficou como filho adoptivo. Comprou o palacete que fora pertença de Dâmaso Xavier dos Santos, a Quinta dos Chavões e outras propriedades agrícolas para se dedicar ao cultivo da vinha, levando os seus vinhos a concursos internacionais onde foram premiados. Um jornal do Rio de Janeiro refere que tinha sido agraciado com o título de Barão do Casal Branco, que ele nunca usou, mas outras fontes situam-no numa família de cientistas com assento na Academia das Ciências e boticário em Lisboa onde se vendia “água termal das Caldas da Rainha”, com uma passagem pela carreira diplomática como cônsul da Turquia em Portugal.

Dedicado ao progresso do Cartaxo, foi um dos seus representantes na “Liga Promotora do Desenvolvimento dos Interesses Materiais ” (1846 – 1849), uma organização cívica que pretendia juntar capitais para investir no país, principalmente na agricultura. O governo de então, pressionado pelas intrigas político partidárias, não aprovou os estatutos e mandou dissolver a Liga. Deputado às Cortes em duas legislaturas, integrou várias representações, desde pedir a substituição do imposto sobre o vinho até à queixa da Junta da Paróquia de Muge sobre a usurpação de terras pela Casa Cadaval. Também a ele se deve na reforma judicial levada a cabo pelo ministro Barjona de Freitas a criação da comarca do Cartaxo em 15 de Dezembro de 1874. O Cartaxo agradecido colocou na toponímia essa gratidão. A Rua da Carreira, importante via na vila, passou a denominar-se Rua Batalhoz e ao Largo frente à Câmara Municipal, antigo Largo do Convento e que depois se chamaria Praça Nova, passou a ser oficialmente Praça 15 de Dezembro.

Faleceu em 1875 em Lisboa, vítima de uma pneumonia. No elogio fúnebre feito pelo médico e amigo Manuel Gomes da Silva, que o Diário de Notícias publicou na íntegra, afirma-se, referindo a sua chegada ao Cartaxo: “Foi durante muitos anos, desde que aqui criou as primeiras relações, o verdadeiro autor dos melhoramentos desta terra”.


Rogério Coito é historiador e escreve segundo a antiga ortografia, este texto foi publicado na Revista DADA nº44, edição impressa de junho de 2013.


Foto em destaque: Rua Batalhoz na década de 40 do século XX

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