“As Mentiras do empreendedorismo” é o título do livro escrito por Frederico Batista, um jovem empresário do Cartaxo que criou uma das 12 empresas mais inovadoras na Europa, a ser lançado no próximo domingo, 18, em Lisboa, às 14h30, no Chiado Clube Literário & Bar no Tivoli Fórum.
Conheça melhor este jovem empreendedor, a sua empresa e o que diz no seu livro sobre os mitos do empreendedorismo, num texto que saiu na edição impressa de agosto do Jornal de Cá.
Frederico Batista, do Cartaxo, é o grande empreendedor do momento, com uma empresa inovadora na área dos serviços de saúde. Faculta Tempo é o nome da primeira grande plataforma online no acesso à saúde, sem mensalidades nem obrigações, o que a distingue de um seguro de saúde. Considerada, pela União Europeia, com uma das doze empresas mais inovadoras da Europa, recebeu ainda o Prémio Inovação NOS, também no ano de 2015, dois anos depois de ter arrancado com o serviço.
“O meu grande objetivo com este projeto é levar a saúde a todas as pessoas, torná-la mais acessível a todos e, por mais que eu já esteja presente em praticamente todos os distritos”, revela Frederico Batista, filho de Rosa Saraiva e António Batista (Zezola), proprietários do restaurante O Saraiva, uma referência da terra a nível nacional. Mas, apesar de ser filho da terra, o Cartaxo é um dos concelhos que ainda não estão representados na rede de clínicas e médicos do sítio da internet da Faculta Tempo, que já abarca praticamente todo o território nacional, à exceção dos Açores, e que disponibiliza consultas, vários exames, como colonoscopias e ressonâncias magnéticas, e cirurgias a preços mais baixos.
A aventura começou em novembro de 2013, com um colega, e não foi fácil. Frederico conta-nos que, depois de uns tempos a trabalhar em Londres, decidiu levar este projeto para a frente “porque vi ali uma oportunidade, mas foi muito mais difícil do que eu pensava, por causa da questão dos seguros, que não gostaram muito da ideia”. Estava aqui a abrir-se um precedente que poderia pôr em causa o pagamento das mensalidades que os demais planos de saúde implementados exigem. Mas Frederico nunca desistiu, até porque “esta é só mais uma opção para as pessoas, os seguros de saúde existentes continuam a ter espaço para atuar, porque há muitas coisas que os seguros cobrem que eu não tenho, como planos de internamento, por exemplo”.
“Começámos por Lisboa e depois foi mais fácil alargar a rede aos restantes distritos”, mas “inicialmente foi muito difícil conseguir ganhar a confiança das pessoas, mesmo das clínicas em que houve uma desconfiança grande inicial”, conta o jovem empresário que, na altura, bateu à porta de muitos investidores e concorreu a vários concursos, de modo a conseguir investimento e apoio na criação da empresa. Frederico diz que “havia muito preconceito relativamente ao projeto, sempre que falava num seguro de saúde gratuito via logo um desânimo generalizado” e a resposta era, invariavelmente, “não sabes onde te estás a meter, esquece completamente essa ideia”.
Certo é que, em 2015, o concurso da EU que considerou a empresa entre umas das doze empresas mais inovadoras da Europa veio abrir outras portas. “Inicialmente”, diz Frederico, “não fazia ideia do que vinha aí”. E o ponto de viragem deu-se, segundo o próprio, “depois de alguma comunicação social pegar no assunto”, reconhecendo que se não fossem “algumas reportagens que tinha sido mais difícil”. Depois de uma reportagem na SIC, a empresa passou de cerca de 50 serviços, por dia, para 500. “Houve, de facto, um salto e a partir daí a coisa começou a estruturar-se de outra maneira”, pois “vivemos de uma margem muito pequena que só resulta a uma grande escala”, reconhece Frederico que escreveu o livro “As Mentiras do empreendedorismo” a ser lançado, brevemente, pela Chiado Editora, onde pretende desmistificar algumas ideias sobre o empreendedorismo, dando a conhecer a sua realidade e as dificuldades que encontrou na criação deste negócio. Situações caricatas, que Frederico apontava num bloco, falsas expectativas, como a existência de investimento para start ups, e a desconstrução dos passos para abrir uma empresa, são alguns dos temas abordados neste livro.
Entretanto, têm vindo a alterar alguns procedimentos, como a forma de pagamento dos serviços médicos intermediados pela Faculta Tempo: “a pessoa terá que imprimir o comprovativo de que adquiriu aquela consulta ou exame, mostrar na clínica onde vai efetuar o tratamento, e aí pagar”, explica Frederico que, quase todas as semanas, acrescenta mais um serviço de saúde. “Exames há aos milhares e cada vez mais clínicas privadas apetrechadas para os fazer, nomeadamente a nível da área estética, mas tenho tido muita procura na área da psicologia e também nos demais exames”, conta.
Neste momento, com uma maior solidez financeira da empresa, que fatura acima dos 100 mil mensais, Frederico já pondera a possibilidade de a vender, pois já recebeu algumas propostas de compra, inclusive de um dos investidores que lhe negou apoio, inicialmente. É tudo uma questão de surgir uma boa oportunidade, pois Frederico tem “muita vontade de criar outras empresas”, ainda que também tenha vontade de expandir este projeto a outros países, como o Brasil, onde sabe que seria uma boa aposta. Uma coisa é certa, Frederico é corajoso e destemido, mas tem os pés bem assentes na terra. “Fui habituado a trabalhar e não sou uma pessoa iludida, a vida é muito inconstante nunca sabemos do dia de amanhã”. Nós cá, queremos acreditar que, com apenas 28 anos, Frederico ainda vai dar que falar no mundo do empreendedorismo.