Juventude emergente

Opinião de João Fróis

Greta Thunberg trouxe consigo uma centelha de esperança, um despertar de consciência mundial para a urgência climática e a mudança de hábitos de toda a civilização.

Esta estudante sueca, de apenas 16 anos, criou um novo conceito de protesto ao fazer greve às aulas pelo planeta. O seu apelo à alteração drástica dos modelos de consumo e delapidação dos recursos mundiais, criou uma onda de contágio positivo em milhares de outros jovens na Europa e que à boleia das redes sociais rapidamente chegou a todo o planeta. Em Portugal os jovens estão solidários e faz renascer a esperança ver e perceber quão despertos estão para a inevitabilidade de contribuírem para inverter os males que ameaçam a vida em toda a sua extensão e o futuro da espécie humana.

Há muito que constatámos que a minha geração e a anterior estão reféns do capitalismo. Não abdicam das suas benesses e pouco fazem para atenuar os seus pesados impactos na saúde dos ecossistemas, altamente pressionados e em risco de colapso iminente. A insistência nos combustíveis fósseis, a propagação das odiosas embalagens de plástico e o esgotamento dos recursos hídricos, são apenas algumas das faces de uma conjuntura altamente complexa de erros, abusos e insistência nos velhos modelos de consumo predador de recursos. Na verdade o “no turning point” está cada vez mais próximo. O dia em que se perceber que se esgotaram todas as possibilidades de inverter o caos climático que estúpida e negligentemente ajudámos a criar, será o princípio do fim da civilização tal como a conhecemos.

É este cenário dantesco que as novas gerações querem evitar. Querem ter futuro e já perceberam que não podem ficar à espera que os mais velhos resolvam os problemas que criaram. Esse é aliás o paradigma destes tempos. Quem mais poluiu e colheu os benefícios dessa predação não será quem irá resolver os enormes malefícios que daí resultaram e estão a pôr o planeta em xeque. Serão, sim, os mais novos que irão forçar a mudança e tudo fazer para inverter o rumo. Isto já está a acontecer, felizmente. A esperança está nas suas mãos e a tecnologia permitem acelerar a informação e a troca de ideias e ações, nesta corrida contra o tempo pela nossa casa global. Mais que os coletores do legado, estes jovens são os salvadores do seu próprio futuro. Bem hajam pois e revolucionem este modelo capitalista doente, esgotado e sujo. É tempo da economia social e da sustentabilidade!

*Artigo publicado na edição de abril do Jornal de Cá.

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