Manuel Luís Osório – as raízes cartaxenses de um herói brasileiro

Por Rogério Coito

Manuel Luis Osório (1808 – 1879) uma das glórias da pátria brasileira, marechal e patrono da arma de cavalaria, marquês de Herval, possuidor de várias condecorações e que deu origem a uma vila município com o nome de Osório em sua homenagem, é descendente de um ramo dos Osórios do Cartaxo que nos séculos XVII/XVIII emigraram para o Brasil e ajudaram a construir uma grande nação.

O seu antepassado José António Cardoso (Osório), neto do fidalgo cavaleiro Belchior Ozorio Cardoso, nasceu no Cartaxo em 1719 e no Brasil foi pai de Tomás José Luis Ozorio, que do seu casamento com Rosa Inácia tiveram filhos, entre os quais uma filha a que puseram o nome de Ana Joaquina Ozorio. O Tomás José era dono de uma enorme fazenda no Rio Grande do Sul e um dia foi informado pela criadagem que um maltrapilho foragido do exército andava esfomeado pela fazenda. Mandou procurá-lo, dar-lhe comida e guarida e depois quis ouvir a sua história.


A Casa do Arco no Cartaxo, que o camartelo do progresso deitou abaixo já no início deste século, teria sido no século XVII residência da família Ozorio que deu nome ao Largo e cujo patriarca foi o fidalgo cavaleiro Belchior Ozorio Cardoso. No século XIX estava na posse da família de Manuel Gomes da Silva, médico, presidente da Câmara Municipal do Cartaxo e governador civil de Santarém (1896- 1897).


Manuel da Silva Borges era natural dos Açores e encontrava-se no Brasil como furriel do exército português. Teve uma altercação com um capitão, foi preso e chicoteado. Farto da severidade fugiu e depois de longa caminhada foi ter àquela fazenda. O Tomás José aceitou a sua história, deu-lhe trabalho e protegeu-o. A sua filha mais nova Ana Joaquina prendeu-se de amores pelo furriel foragido, casaram e foram muito felizes. Tiveram dez filhos, o primeiro dos quais foi Manuel Luis Ozorio, que viria a ser o grande herói na guerra da Cisplatina e da independência do Brasil. Com as lutas de 1811, Manuel Borges voltou à frente de batalha e com tal bravura que foi promovido a capitão e na campanha de 1816 a 1821 destacou-se com tal valor que passou a major e mais tarde a tenente-coronel.

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Ficou para sempre grato ao sogro e à mulher e no baptismo da sua numerosa prole, pediu para a palavra Ozorio não ter acento agudo em consideração por quem o tinha protegido na desgraça. As grafias mudaram, e apesar de hoje se escrever Osório com acento, curiosamente na terra dos seus antepassados uma placa de toponímia tem resistido com a grafia como o pai do marechal tinha pedido, mas aqui a lembrar as raízes cartaxenses da gesta dos Ozorios no Brasil.


Rogério Coito é historiador e escreve segundo a antiga ortografia, este texto foi publicado na Revista DADA nº39, edição impressa de agosto de 2012

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