Por Rogério Coito, historiador
Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu em Lisboa herdando o nome de seu avô paterno. Não pertencia à primeira linha da nobreza mas também não tinha baixa ascendência e no entanto os seus inimigos tentaram por tudo escarnecer a sua origem. Casou aos 23 anos com uma viúva, dez anos mais velha do que ele. Foi diplomata e político junto das cortes austríaca e inglesa, pugnando sempre pelos interesses nacionais. Na Áustria e já depois de viúvo voltou a casar com uma senhora de fina linhagem D. Leonor Daun.
Quando o rei D.José I subiu ao trono, escolheu Sebastião José pelas provas dadas para Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. A partir daí ganhou grande confiança do rei e essa confiança deu-lhe enorme poder. Mas a alta nobreza não poupou as suas críticas e a escolha de tal “fidalgote” para cargo tão importante, chamando-lhe “inculto e soberbo” entre o vasculhar da vida familiar fazendo dele um homem “sem alicerces”.
No sábado 1 de Novembro de 1755, faz agora 261 anos, Lisboa foi arrasada por um grande tremor de terra. As igrejas pelas nove da manhã estavam cheias para as cerimónias do dia de Todos-os-Santos. E em plena oração a terra começou a tremer deitando abaixo casas, provocando incêndios, causando um tsunami e matando milhares de pessoas.
O sismo que se prolongou por cerca de sete minutos terá atingido nove graus da escala de Richter. O efeito foi destruidor na então opulenta cidade de Lisboa e arredores.
O Cartaxo poucos danos sofreu e no dizer do padre Francisco Duarte de Oliveira “nada que não fosse reparável, porque não caiu edifício algum, ainda que tiveram os edifícios desta terra bastante abalo”. Foi então que emergiu a figura de grande estadista que foi o futuro Marquês de Pombal. E agora? perguntava o rei em pânico. ”Agora? … há que enterrar os mortos e cuidar dos vivos”. Há quem pretenda, com o fim de diminuir os seus méritos, que a frase não foi de sua autoria. Nunca foi comprovado e a frase está de acordo com o seu lema de acção: reconstruir Lisboa. Chamou engenheiros e arquitectos, mãos à obra e a baixa de Lisboa começou a renascer geométrica assente em estacas de pinho.
Em 1758 o rei D. José I, vindo de um encontro amoroso com a jovem marquesa de Távora, sofreu um atentado e foi atingido a tiros de zagalote. Correram rumores de que tinha sido obra dos Távoras com a conivência da Companhia de Jesus. Três meses depois de um silêncio absoluto sobre o assunto mandou prender e torturar os presumíveis autores do atentado, acusando disso a alta nobreza como o duque de Aveiro e os marqueses de Távora e seus familiares submetendo-os a um rigoroso processo onde foram condenados à morte e outros a prisão. O ódio ao duque de Aveiro era tanto que no local ode estava o seu palácio (Belém) mandou arrasá-lo e salgar o chão para que nada ali voltasse a nascer.
Em 1759 recebeu o título de conde de Oeiras e dez anos depois o de Marquês de Pombal. Modernizou o país e criou indústrias.
Expulsou os jesuítas e reformulou todo o ensino. Reformou a administração pública, o sistema militar e tudo que vislumbrasse Portugal na sua época de progresso.
Com a morte do rei D. José I e a chegada ao trono de D. Maria I, então já rodeada pela alta nobreza, mandou fazer uma sindicância aos seus actos e foi exilado para Pombal onde se apagaram em 1782 as luzes e as sombras de todo o seu poder de estadista.
Rogério Coito escreve de acordo com a antiga ortografia