O Movimento proTEJO convocou e cerca de meio milhar de pessoas respondeu à chamada, para se manifestarem por um Tejo mais limpo, na tarde de sábado, 4 de março, em Vila Velha de Ródão.
Entre gritos de “Não à poluição” e recordações de que o Tejo é de todos, centenas de pessoas fizeram-se à estrada, partindo do cais da vila em direção à Celtejo, identificada como uma das principais poluidoras do rio, a cerca de um quilómetro e meio.
Mas a sensibilidade dos habitantes da zona é que esta empresa não é a única – e nem, se calhar, a principal poluidora. Como ouvia a reportagem do Jornal de Cá ainda antes de a marcha ter início, “toda a gente se queixa da Celtejo, mas ninguém fala da Centroliva, que é muito pior”, diziam alguns habitantes.
A Celtejo é uma empresa produtora de pasta de papel que, segundo denúncias que têm vindo a público, não tem capacidade para tratar todos os efluentes que produz, levando a que parte destes “lixos” sejam despejados diretamente no Tejo.
A Centroliva, a outra empresa identificada como grande poluidora do rio na região, produz energia a partir de biomassa, e já foi mesmo alvo de ameaças de encerramento pelo Ministério do Ambiente, caso não adotasse as medidas tidas como essenciais pela legislação em vigor.
Os municípios ribeirinhos não quiseram deixar de se associar a esta ação de protesto, tendo autarcas e população marcado presença, com destaque para uma grande comitiva de Valada. Presentes estiveram, igualmente, autarcas e populações de Abrantes, Azambuja, Cartaxo, Constância, Entroncamento, Gavião, Mação, Vila Nova da Barquinha, Azinhaga, Ortiga, Praia do Ribatejo, Tancos, Nisa, São João, São Vicente, Alferrarede e Chamusca, de forma organizada, em como manifestantes espanhóis. Do Cartaxo, por exemplo, estiveram presentes representantes de todas as forças políticas.
Esta manifestação contou, também, com a presença ativa de associações ambientalistas associadas do proTEJO, como o Movimento Cívico Ar Puro, a EcoCartaxo, o GEOTA, o Movimento Ecologista do Vale de Santarém, a QUERCUS e a ZERO.
No final da manifestação, nas imediações da Celtejo, o proTEJO apresentou um manifesto, que relata que “a manifestação de hoje foi de cidadãos e para os cidadãos, tendo sido dada a voz aqueles que mais têm sofrido e sido prejudicados pela extrema poluição que tem assolado o rio Tejo no seu curso desde Vila Velha de Ródão a Lisboa.
Nas suas mensagens, estes cidadãos manifestaram as suas perdas sentimentais e materiais devido à poluição do rio Tejo e seus afluentes e solicitaram a adoção de ações e medidas de combate à poluição ao Senhor Ministro do Ambiente e às autoridades competentes em matérias de políticas de água e de fiscalização ambiental.
Considerando o manifestado por todos estes cidadãos, o proTEJO requer ao Senhor Ministro do Ambiente que sejam tomadas as seguintes medidas:
1º. Uma fiscalização contínua e eficaz dos potenciais focos de poluição e dos alvos com risco de poluição localizados na zona de Vila Velha de Ródão;
2º. A revisão da licença de descarga de efluentes da Celtejo no rio Tejo para valores que garantam o objetivo de alcançar o bom estado ecológico das massas de águas do rio Tejo ao longo de todo o seu curso em território português.
O Tejo merece!”.
- Fotos: Alicina Mil-Homens