Morreu Francisco Gaia

Natural de Vale da Pinta, o pintor Francisco Gaia faleceu este sábado, 23 de janeiro. Conheça melhor o artista plástico, no obituário da autoria de Samuel Vieira.

Francisco Gaia, pintor. 12-05-1933 – 23-01-2021.

“ … o seu saber como verdadeiro criador no mundo da pintura está sempre no seu espírito, em mente e criatividade. Francisco Gaia possui a subtileza de psicólogo e poeta” (Natália Correia).

O mestre Francisco Gaia, natural de Vale da Pinta, faleceu no último sábado, pelas 22h30, aos 87 anos, em complicações de saúde afectas ao vírus Covid-19. Hospitalizado em Vila Franca de Xira, a 22 de Janeiro, as dificuldades, acrescidas de um problema renal com que se debatia, não pouparam a vida deste insigne artista, perecendo em cerca de 24h.

Pintor modernista, Expressionista Abstracto, como se definiu, nasceu, como referimos, em Vale da Pinta, onde recebeu instrução primária. Cedo descobriu o seu talento, vencendo as limitações e as vicissitudes locais, desobrigando as suas mãos de mesteres geracionais e da ruralidade. Teve gosto pelo ciclismo e gozou sempre de popularidade local.

Nas suas notas declara ter sido um autodidacta, ter começado a pintar aos 12 anos e, em 1951, aos 18 anos, realizado a sua primeira exposição.
Nos anos de 1960 encontrou-se em Angola, Moçambique e África do Sul onde começou a trabalhar como pintor e decorador.

Em 1965, em Paris, privou e aperfeiçoou-se com Pablo Picasso, ao qual esteve ligado até 1970, ano em que se deslocou para Haia, na Holanda, onde se licenciou em Artes Plásticas pela Academia de Pintura Moderna.
Em 1981 regressou a Portugal, estabelecendo-se no Forte da Casa, no concelho de Vila Franca de Xira.

Com uma obra numerosa encontra-se representado em cerca de 500 colecções, entre particulares, embaixadas, municípios, museus ou hotéis, na Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália ou Panamá; expôs internacionalmente em Barcelona, Bordéus, Guebre, Haia, Los Angeles, Madrid, Massa (Itália), New York, Palm Springs, Paris, Phoenix, Portland, San Francisco, Santa Catarina (Brasil), Valladolid, Washington e em Portugal em Aveiro, Cartaxo, Coimbra, Espinho, Estoril, Leiria, Lisboa, Porto, Setúbal, Vendas Novas, Vila Franca de Xira, Vilamoura, entre outras cidades. Actualmente era coordenador do Atelier Galeria Gaiarte, no Forte da Casa. A sua obra mais representativa, aliás, distinguida pelo próprio, será os “Os Desastres da Guerra de 1945”, que se encontra no Museu Guggenheim de New York.

Foi galardoado com vários prémios e medalhas e, para além de integrar os mais diversos catálogos, de exposições e museus, é citado em diversos livros e revistas de arte, com verbete no Dizionario Arte Internazionale, Gli Esponenti del Terzo Millenio, de Maria Di Casola.

Deixa um filho, Francisco, com descendência.

Com o seu desaparecimento, Vale da Pinta perde um dos seus mais célebres filhos, o mais notado nas artes plásticas, senão em todo o seu universo cultural, e que a ela, hoje, dia 25 de Janeiro, recolheu, decorrendo o serviço fúnebre no cemitério local.

Fontes:
franciscogaia.pt, acedido em 24-01-2021; Google. Ateliê Galeria Gaiarte, acedido em 24-01-2021; https://www.facebook.com/francisco.gaia, acedido em 24-01-2021; https:// www.facebook.com/francisco.vandersaramago, acedido em 24-01-2021; José Francisco Periquito Vieira; O Povo do Cartaxo, 06-11-1997.

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