Mundo novo, défice tecnológico

Opinião de Miguel Ribeiro

Segundo os dados da União europeia, faltam cerca de três milhões de informáticos em toda a Europa, em 2020. Isto justifica-se porque cada vez mais, temos uma maior variedade de equipamentos e muitas plataformas diferentes para os mesmos. Cada vez mais, temos também a interligação de todas as profissões do mundo com equipamentos informáticos.

 

Costuma dizer-se que a programação não tem limites, ou seja, podemos “criar” praticamente tudo através da programação, o que faz que com tantas plataformas diferentes e linguagens de programação diferentes que existem, não existam informáticos (programadores) suficientes, para todas as necessidades atuais.

 

Alguns países aperceberam-se desse défice e introduziram medidas de acordo com estas necessidades laborais. Na India, por exemplo, o ensino da programação tornou-se obrigatório no ensino básico, esta medida foi seguida pela Alemanha e mais alguns países. Existe mesmo quem diga que saber programar será tão importante, no futuro, como saber ler ou saber escrever. Mas falta mais que programadores…

 

Cada vez mais, as pessoas vão utilizar a informática e, ao mesmo tempo, se vão afastando mais dela… Este fenómeno acontece porque o evoluir da informática tem sido tão grande que não é possível a alguém, cuja profissão não seja de informático, não consiga acompanhar a evolução super rápida da informática, e que a necessidade de “intermediários” nunca tenha sido tão grande.

 

Vamos a exemplos. Uma pessoa que trabalhe numa loja de roupa tem como principais características o atendimento ao cliente, saber trabalhar com um programa de faturação, entender de roupa, medidas de roupa, stocks, vitrinismo, entre outras coisas. No entanto, não tem que saber configurar o seu programa de faturação, modifica-lo, configurar e gerir emails, ou gerir uma loja online, configurar dispositivos multimédia, configurar ou modificar alarmes. Para isso, outras empresas que fornecem esses serviços têm que ter informáticos, ou técnicos com conhecimentos de informática. No entanto, é possível que uma pessoa que trabalhe numa loja, possa e saiba fazer tudo isso. Mas dificilmente será bom nas duas coisas.

 

Durante muito tempo, e por a informática ser “novidade”, muita gente fez mesmo isso, dedicou-se a duas áreas profissionais distintas, o que fez com que se “perdessem” um pouco na sua área profissional. Aos poucos, as pessoas vão sentindo a necessidade de ter serviços informáticos, porque cada vez vão existindo menos e, cada vez menos acessíveis, as grandes empresas de informática tornaram-se demasiado “complicadas”, para o utilizador comum e absorvem a grande maioria dos informáticos que existem, restando poucos para fazer esse elo de ligação, entre o utilizador comum e os serviços disponíveis e essenciais, que as grandes empresas de informática disponibilizam.

 

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Se faltam informáticos para fazer a ligação entre empresas e a informática, faltam ainda mais para fazer a ligação entre pessoas e a informática.

 

O que faz prever que este défice tecnológico irá aumentar cada vez mais, que a distância entre pessoas e a tecnologia irá aumentar cada vez mais, tornando, num futuro próximo, o simples informático “num dos seus melhores amigos”.

Isuvol
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