Desde há quase quatro anos que é possível fazer tatuagens e piercings com total segurança no Cartaxo. Tudo graças a Vítor Sousa (na foto à esquerda do tatuador Ricardo Sousa), piloto comercial de profissão, que depois de cair no desemprego decidiu levar adiante a vontade que sempre teve de abrir uma loja de tatuagens, piercings e acessórios de qualidade, como anéis e piercings. Acabou por fazê-lo no Cartaxo, onde não existia esta oferta.
Depois de um ano estabelecido no cimo da Rua Batalhoz, mudou-se para a Serpa Pinto, com um tatuador a tempo inteiro, coisa que não acontecia anteriormente. E a aposta foi ganha! Segundo Vítor Sousa, o negócio está a correr bem. Entram na Musaranho Ink mulheres e homens, jovens e menos jovens, de todo o concelho e também de fora: há gente que vem de Azambuja, Santarém, Lisboa e até do estrangeiro para fazer tatuagens, piercings e até para comprar bijuteria e t-shirts (100 por cento ecológicas, em algodão, e sem costuras), difíceis de encontrar em Portugal.
Tratando-se de tatuagens, habitualmente os clientes já têm uma ideia daquilo que pretendem fazer, mas para os mais indecisos a Musaranho Ink disponibiliza uma grande variedade de catálogos com inúmeros motivos à escolha para imprimir na pele, embora se evite reproduzir imagens iguais, dando sempre um toque mais personalizado. “Há quem nos envie logo a imagem por e-mail ou traga em mão para passarmos em stencil, mas há também quem escolha aqui os motivos ou os dizeres, porque o Ricardo (tatuador) tem um lettering (arte de desenhar letras) muito bonito”, realça Vítor Sousa.
Os piercings são da responsabilidade da sogra de Vítor Sousa, Helena Moreira, enfermeira reformada que decidiu fazer o curso de piercing e entrar nesta aventura da arte corporal, passando a fazer parte do negócio de família, do qual também Susana Sousa, mulher de Vítor, faz parte.
Na Musaranho Ink, para além da colocação do piercing, encontra-se uma variedade de brincos em diferentes modelos e materiais adequados, como o aço cirúrgico e o titânio, assim como é feito um acompanhamento especializado, caso haja problemas na adaptação ao piercing. Para Vítor Sousa “é importante manter uma relação de confiança com os clientes” e isso nota-se quando a tendência destes é voltar à loja/ estúdio.
Vítor Sousa aposta ainda na Internet como forma de expandir o seu negócio, através de vendas online dos artigos que disponibilizam na loja e criação de eventos e promoções. Num desses eventos, “em três dias fizemos mais de 80 tatuagens”, mas tudo no estúdio, conta Vítor Sousa, que não arrisca sair do seu espaço para entrar em eventos onde, em muitos casos, não se oferecem garantias de higiene e segurança.
Tudo em segurança e com responsabilidade
No estúdio da Musaranho Ink, tal como pudemos verificar, estão reunidas todas essas condições: está garantido o conforto dos clientes – que até podem ver televisão para descontrair –, a higiene do espaço e a necessária desinfeção dos materiais que não são descartáveis, através de equipamentos de esterilização. Para Vítor Sousa estas são condições essenciais para oferecer um trabalho de qualidade, mas queixa-se da concorrência desleal, quando há tanta gente a fazer trabalhos de tatuagem e piercing sem os cuidados mínimos exigidos, para evitar infeções e contágios. E depois surgem casos de trabalhos mal feitos e que, por vezes, resultam em infeções.
“O mínimo para abrir agulhas é 40 euros”, diz Vítor Sousa, adiantando que estas são usadas em apenas uma pessoa. Mesmo um casal que pretenda fazer uma tatuagem mínima, usando as mesmas agulhas não pode fazê-lo. A tinta até pode sobrar e ir direto para o lixo, mas “não arriscamos nunca usar as mesmas agulhas em mais do que uma pessoa”, por risco de contágio e infeção.
Depois de efetuado o trabalho, todos os clientes levam para casa um papel com informação de todos os cuidados a ter depois da tatuagem (que leva, normalmente, cerca de três dias a ficar cicatrizada) ou do piercing, que precisa de mais atenção e cuidados durante mais dias. Nesta informação dada aos clientes está também escrito que estes devem voltar ao estúdio caso notem alguma reação anormal, para que se tomem as devidas precauções.
Aqui pintam-se na pele todo o tipo de imagens, das maiores às mais pequenas, e também há quem venha para corrigir e alterar tatuagens. Homens, mulheres, jovens e menos jovens. Claro que sendo menores têm de se fazer acompanhar dos pais e as tatuagens só fazem a maiores de 17 anos de idade. Relativamente aos piercings, todos, maiores ou menores de idade, têm de assinar um termo de responsabilidade, pois neste caso os cuidados a ter em casa são mais exigentes e passam a ser da responsabilidade do cliente, assim que saem da loja. Os menores precisam de ir acompanhados pelos pais, que têm de assinar um termo de autorização e responsabilidade pelos filhos.
Tatuador profissional
Ricardo Sousa, que já pertence à família, apesar do apelido ser só uma coincidência, é o tatuador da casa. Natural de Vila Franca de Xira, é filho de um desenhador, estudou Artes em Mirandela e envolveu-se nos grafítis, que o levaram até à Europa. Vivia em Paris quando um amigo o levou a Marselha, onde ficou e tirou o primeiro curso com alguns dos mais conceituados tatuadores europeus. Aprendeu, em primeiro lugar, a “trabalhar limpinho” – esterilizou muito material usado pelos tatuadores – e só depois passou à ação em pele de porco. Ao fim de três anos pintou a primeira pele humana e recebeu o diploma. Depois deste, viria a receber outros dois em especializações de full color e de realismo.
É tatuador profissional há sete anos e já trabalhou um pouco por toda a Europa (Inglaterra, Escócia, França, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Suíça e Espanha). Continua a ter convites para ir trabalhar para o estrangeiro, mas Ricardo fartou-se de estar lá fora e é aqui, onde já criou raízes, que pretende ficar a tatuar e a fazer grafitis por encomenda. Agora é na Musaranho Ink que se sente bem e onde está, sempre disponível para dar largas à sua arte.