Toda a história e cultura de um concelho, genuinamente ribatejano, reunidos num espaço cheio de tradição, que ilustra a evolução do trabalho da terra e dos animais, através dos utensílios, da técnica e dos materiais, sem esquecer os momentos de festa e convívio, onde o vinho é rei.
Situado no Complexo Desportivo e Cultural da Quinta das Pratas, o Museu Rural e do Vinho, inaugurado em 1985, tem assumido um papel fundamental na preservação e divulgação da história do concelho do Cartaxo. Pela sua importância e riqueza, a revista “dada” foi visitar este local, que reúne elementos que ilustram as tradições relacionadas com o mundo rural e as principais actividades que contribuíram para a identidade do concelho.
Ana Paula Pinto foi a guia que nos recebeu e mostrou o museu, dividido pelos espaços temáticos “À descoberta da cultura rural”, “O Território, o homem e a história” e o “Núcleo da Vinha e do Vinho”, que apresentam os diversos sectores de actividade da vida rural. Começámos “à descoberta da cultura rural”, na primeira zona do museu que engloba a vivência das gentes do concelho e cuja amostragem passa pela riqueza do património histórico do concelho, destacando-se a sua beleza natural (zona fluvial e tipos de solos), ilustrada por fotografias que revelam todo o concelho no início do século XX.
«este é um dos museus que consta no guia Michelin, o que o distingue entre os melhores do mundo»
Nesta mesma área dedicada ao touro, ao cavalo e aos cereais, estão expostos diversos objectos e ferramentas que a eles dizem respeito, assim como imagens que ilustram bem estas realidades. Aqui, o espólio sobre o touro, cavalo e vinho foi comprado pela Câmara Municipal do Cartaxo, em 1982, à família Manuel Duarte de Oliveira, que em tempos foi uma grande casa de criação de touros e de cavalos, no Cartaxo. As restantes peças do museu são oferecidas por outros particulares que o fazem espontaneamente, permitindo mostrar, nomeadamente, toda a evolução agrícola através dos instrumentos utilizados, desde os manuais até aos mais mecanizados, como acontece com a produção dos cereais ou a produção do azeite, que em tempos utilizava os lagares de vinho, e tanta importância tinham no concelho.
Finda a visita ao primeiro espaço do museu, voltamos ao exterior da Quinta e lá podemos apreciar a evolução das alfaias agrícolas, entre as quais charruas, bem como carros de bois utilizados, em tempos, nas vindimas.
Prova do vinho
E passamos à taberna tradicional, que representa um dos locais mais característicos do museu e permite ao visitante conhecer o ambiente deste típico local de convívio, ilustrativo dos primeiros anos do século XX, com os preços ainda em réis e as saudosas garrafas de pirolitos. Aqui o visitante, que muitas vezes se emociona pela recordação dos velhos tempos, pode provar o vinho e até alguns dos petiscos da região (queijo, pão caseiro, chouriço, vinho). São estas e outras maravilhas que fazem o visitante voltar e passar a palavra. Não espanta, por isso, que o museu receba tantas visitas (cerca de 4000 visitantes em 2007), especialmente de grupos de fora, inclusive do estrangeiro, já que este é um dos museu que consta no guia Michelin, o que o distingue entre os melhores do mundo.
Por último, passamos à antiga adega da Quinta das Pratas onde está retratado, logo à entrada, um laboratório antigo com os demais utensílios de análise dos vinhos, todos eles doados. Esta área, muito ampla, abarca os lagares originais e grandes tonéis, entre outras peças antigas ligadas à produção do vinho. Mas também as peças relacionadas com toda a vida da vinha e do vinho aqui marcam presença. É o caso de instrumentos musicais e trajes típicos dos ranchos, que em tempos se deslocavam ao concelho para fazer as vindimas, que fazem parte integrante de toda a vertente histórica e cultural de tempos de trabalho árduo, mas também de festa.
No seguimento da adega estão também representadas as profissões ligadas à produção e conservação do vinho (cestaria, tanoaria e feitura da aguardente), que hoje em dia estão em desuso. Continuamos pelo mesmo espaço e são imensas as peças ligadas aos trabalhos da vinha, bem como a representação da adiafa, que representa, neste caso, o fim da vindima. E daqui seguimos para a cave, que expõe máquinas antigas da linha de engarrafamento (lavagem de garrafas, colocação de rolhas, cápsulas e rótulos), verdadeiras relíquias, tal como certas garrafas, algumas de meados do século passado, outras que participaram em concursos de vinhos, outras oferecidas, todas elas bem preservadas e que jamais serão abertas, permanecendo verdadeiras obras de museu.
info
Acesso
A1|EN 3
Horário
3ª a 6ª – 10h30 às 12h30 | 15h00
às 17h30
sáb. dom. e feriados – 09h30
às 12h30 | 15h00 às 17h30
encerra às segundas-feiras
informações
Tel. 243 701257
museu@cm-cartaxo.pt | www.cm-cartaxo.pt