Na rota dos antigos mercadores fenícios

Tributo a um tempo pouco conhecido

Por Rogério Coito

Algumas das mais antigas espécies da pré-história em Portugal encontram-se na bacia hidrográfica do Tejo. Sedimentos, vestígios com milhares de anos, dão conta que a ocupação humana é muito antiga. De tudo os arqueólogos e investigadores têm encontrado nos chamados terraços do Tejo, o rio que foi uma auto-estrada desses tempos primitivos onde as ribeiras afluentes eram vias de comunicação. Quer a Norte do Ribatejo com as gravuras rupestres do Paleolítico gravadas no xisto e que foram submersas pelas águas da barragem do Fratel, quer mais a Sul, onde materiais líticos foram encontrados na Barquinha ou em Vale do Forno (Alpiarça) ou perto de Loures, onde os achados sobre a fauna demonstram que os elefantes habitaram esta zona, tudo documenta até à romanização a antiguidade deste espaço.

O Cartaxo situa-se entre dois pólos de grande importância na pré-história portuguesa que são os Concheiros Mesolíticos de Muge e o povoado Neolítico de Vila Nova de S. Pedro. Com a descoberta há poucos anos de um povoado pré-romano em Porto de Sabugueiro (Muge), os achados de Pontével em 2002 e mais recentemente o estudo e a publicação sobre os achados arqueológicos da Quinta da Aramenha (Sant’Ana) em 2005, tudo se conjuga para que numa perspectiva arqueológica o Cartaxo possa ser mais antigo do que se pensava e que ainda haja vários pontos da sua formação por esclarecer.

Conta um investigador que nestes achados da Quinta da Aramenha se detectaram mistura de várias épocas da ocupação humana. E numa delas, restos de cerâmica fenícia, que pode indiciar que a rota dos fenícios passava por aqui, ou, pelo menos, haveria contactos com esse povo. Sendo os fenícios conhecidos por um dos principais povos da antiguidade divulgadores do cultivo da vinha, será legítimo perguntar qual a sua relação com a fundação do povoado que hoje ostenta o nome Cartaxo.


Rogério Coito é historiador e escreve segundo a antiga ortografia, este texto foi publicado na Revista DADA nº61, edição impressa de abril de 2016

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