O desespero está a atingir proporções às quais eu nunca pensei assistir. É a violência desmedida entre colegas de escola, amigos de rua, claques futebolísticas, as constantes ofensas partidárias, as sucessivas violências perpetradas nas populações no que respeita à sua segurança, estabilidade económica, postos de trabalho e tudo o mais que possamos imaginar. E tudo transmitido 24 horas por dia, em directo, na televisão.
Mas a mim, nesta coluna, cabe-me falar de cultura e arte, e no meio de tanto desespero, de tanta violência penso no que vou escrever este mês em meia dúzia de linhas e só me lembro de quem me tem acompanhado nestes últimos três anos no projecto do Cartaxo: a comunidade, a família.
E é mesmo isso que aqui vos quero trazer! Neste momento é essencial apoiarmo-nos no trabalho da comunidade e da família e no Cartaxo esse trabalho é muito bem reflectido nas colectividades e associações do concelho, que todos os dias se esforçam para manter as portas abertas de forma a perpetuar esse sentido de comunidade, unindo as famílias (muitas delas que se prolongam há várias gerações) numa partilha cultural, artística e desportiva, sem deixar de lado a animação e o convívio, tão essenciais a esse espírito comunitário.
É nestas colectividades e associações que se aprende música, se praticam desportos, se cruzam jovens com mais velhos, se trocam experiências, se aprendem tradições, é nelas que fica guardada a história que vai sendo passada de geração em geração, são estas as pedras que fazem o passado e criam o futuro num verdadeiro espírito de vizinhança que a nossa sociedade de dia para dia ameaça fazer perder.