O Professor Joaquim Duarte veio à escola de Vale da Pinta falar sobre a Escola no seu tempo.
O nosso convidado foi professor nesta Escola entre 1 de outubro de 1977 e 23 de janeiro de 2002.
Na verdade, o Professor Duarte não deu aulas nesta escola esses anos todos: nos primeiros anos a escola era um edifício muito antigo que ficava no Largo da Igreja, no sítio onde hoje é a Junta de Freguesia e o Jardim de Infância.
A escola antiga estava muito estragada quando o Professor Duarte cá chegou: as janelas de madeira não fechavam, tinham muitos vidros partidos, o forro do teto caia em grandes bolachas, as casas de banho estavam muito danificadas e também o telheiro do pátio estava todo estragado.
Nem sempre foi fácil, mas graças ao então Presidente da Junta de Freguesia, o senhor Inácio e à persistência dos professores, a Câmara Municipal foi arranjando a escola, dando muito boas condições às Crianças: andavam mais de oitenta Alunos com a Professora Arlete, o Professor Duarte e a Professora Lucília.
Em agosto de 1981 houve um grande acidente: explodiram todos os foguetes da Festa de Nossa Senhora da Graça, que se costumavam guardar dentro da escola, derrubando boa parte do edifício, deixando toda a construção em muito mau estado e, pior do que tudo isso, morreu o Juiz da Festa, o Sr. Vieira.
Sem a sua escola, os Alunos passaram a ter aulas na quinta dos Veigas. Foi um ano de muita felicidade: aulas na eira, árvores de fruta, horta e muito espaço.
Durante o ano de 1982 a Câmara Municipal construiu o atual edifício no terreno oferecido pelo senhor Parente. A escola nova foi inaugurada no dia 14 de novembro desse ano.
Mais uma vez, os primeiros anos foram de grande desilusão, vindos de um espaço tão agradável, os meninos não tinham um telheiro para os proteger da chuva ou do sol; os pátios não estavam arranjados nem tinham vedação; não havia campos de jogos; a rua não era alcatroada e nos dias de chuva ficava cheia de lama e de poças de água: até se punham umas tábuas grandes no chão para os meninos passarem, e a quem sujasse os pés de lama, a Dona Salomé lavava os sapatos com um balde cheio de água e uma vassoura, à entrada da escola.
Para acabar, uma história curiosa: havia um pomar ao lado da escola. Como não havia qualquer vedação, os meninos mais velhos (com 13 e 14 anos!) costumavam furtar fruta, de modo que, quando tocava a campainha para os intervalos das aulas, os alunos saiam das salas para o recreio e o dono do pomar saia de casa… para se especar à frente do pomar, a tomar conta da fruta…
Texto escrito pelos alunos da turma N, do 1º e 2º ano de escolaridade, da Escola Básica de Vale da Pinta do Agrupamento D. Sancho I, com o professor Mário Júlio Reis, no âmbito do projeto “No meu tempo” para as comemorações dos 200 anos do Concelho do Cartaxo.