O processo Cartagua voltou a aquecer os ânimos na reunião de Câmara do Cartaxo de terça-feira, 16 de agosto.
O vereador Nuno Nogueira, eleito pelo Movimento Paulo Varanda, quis saber em que pé se encontra o processo Cartagua e se já existe acordo entre a empresa e a autarquia.
O presidente do Município, Pedro Ribeiro, garantiu que ainda não existe qualquer acordo, lembrando que o processo Cartagua “tem duas fases. Primeiro, a auditoria que foi mandada fazer. Na auditoria, estamos de acordo nos valores que encontrámos? Não na sua totalidade, estamos mais próximos, mas não estamos na sua totalidade. Há um consenso entre técnicos nos valores, mas não há o assumir de amanhã redigirmos um papel e dizermos ‘a Cartagua assume que o fator Z’? Não, não estamos nesse ponto. Depois de a auditoria ao fator Z estar concluída temos o processo da negociação para o futuro. Há a questão do fator Z que, no nosso entendimento, anda nos 20, 21 por cento. Depois, há o processo de negociação do contrato daqui para a frente”. O autarca disse, também, que “aquilo que nós estamos a colocar em cima da mesa tem a ver com os investimentos que estavam distribuídos entre Câmara e Cartagua serem assumidos por inteiro pela Cartagua e que o número de anos para o reequilíbrio financeiro não seja de seis anos, como estava definido no passado, mas que possa ser mais alargado, para que o impacto sobre as empresas, sobre as instituições e sobre as famílias seja mais ténue”.
Pedro Ribeiro perguntou, ainda, a Nuno Nogueira se este “concordou que a Câmara Municipal, em 2013, tenha assinado um contrato destes, que tem um impacto de 30 por cento, que no final é de 34 por cento, sem o presidente da Câmara anterior ter explicitado isso aos munícipes? Sim ou não?”.
O vereador disse que “quem tem de responder a essa pergunta não sou eu. Quem tem de responder a essa pergunta é o senhor presidente. Sabe porquê? Porque o senhor presidente era o presidente da Comissão Política do Partido Socialista. Eu só tenho de responder a partir do momento em que fui eleito, o senhor não tem. Não me esteja a fazer perguntas que eu não lhe faço a pergunta a si”.
“Estou-lhe a perguntar enquanto cidadão que hoje é vereador”, prosseguiu Pedro Ribeiro, “ou o senhor não tem uma avaliação sobre as matérias?”. “O senhor parece desconhecer o que se passa na sua terra. Eu, enquanto presidente da Comissão Política, está publicado nos sites do partido, na imprensa, está publicada a minha opinião e a minha posição, a essa altura, sobre o processo Cartagua”, referiu Pedro Ribeiro.
Nuno Nogueira foi mais longe, dizendo que “o senhor, neste momento, já sabe que já fechou o acordo com a Cartagua, e está a empurrar para cima de mim. Eu já respondi. Provavelmente, na altura, e que não conhecia o processo, se calhar teria resolvido isto de outra forma. Tal e qual como o senhor também está a demorar muito tempo para resolver este problema”. “Claro é que o senhor está na génese disto, o senhor votou isto, o senhor apoiou um presidente de Câmara eleito pelo seu partido. Neste caso, é eleito num grupo independente, e é tão simples como isto: não puxou o tapete a ninguém. Da minha parte, o senhor não tem nada para dizer, se há aqui alguém limpo sou eu”, acrescentou.
O presidente do Município quis saber se Nuno Nogueira tem posição política sobre este assunto, ao que o vereador respondeu que “enquanto autarca eleito em 2013, posso-lhe dizer que o senhor está a demorar demasiado tempo para resolver este problema. Recebeu carta branca, com abstenção ou não, da oposição para resolver o problema. O senhor omitiu o relatório, ainda não entregou o relatório do consultor Rui Cabral”.
“Toda a gente já percebeu que o senhor vereador não quer responder à pergunta e está a tentar fugir com outras questões. Mas eu respondo a todas”, realçou Pedro Ribeiro.