O Amor é cego

Por Raquel Marques Rodrigues

Que sentimento é este que provoca dores de barriga, que é o responsável por falta de apetite ou excesso dele e que nos leva às nuvens? Dizem que é o amor. Palavra que qualquer um de nós conhece desde criança, mas explicá-la torna-se complexo. Embora não se possa comparar o namoro de antigamente dos meus avós para o dia de hoje, porque o romantismo era valorizado e o prazer da carne era o mais cobiçado, acredito que muitos viveram intensas experiências românticas. Uma reflexão simples de um assunto tão sério do que é o amor na terceira idade.

Como devem imaginar, ao lidar diariamente com mais de cinquenta idosos, as histórias de amor são inúmeras e muitas delas parecem um conto de fadas. Tenho uma recente, em que ele tem 93 anos e ela 96 anos. Estão juntos há 68 anos. E para quem não acredita no amor eterno, este é um caso verdadeiro. O segredo é manter viva a chama do amor. Estão sempre de mãos dadas e não deixam de dar os seus beijos em público e há sempre rosas em dias especiais. Não saem um do pé do outro, pois ele quer aproveitar todos os momentos. Pergunto-me se eu também vou viver um amor assim? Hum… duvido. Nos dias que correm não me parece. A única certeza que tenho é de testemunhar o amor deste casal apaixonado.

E a falar de beijos, já pensaram na importância do beijo antigamente? Uma senhora de 101 anos, confessa-me que “o meu primeiro beijo só dei ao meu marido no altar, no dia do casamento”. O beijo, com ato de intimidade, era uma ação conservadora e até como um crime moral. Hoje em dia, beija-se por tudo e por nada, com ou sem sentimento.

Entretanto, outra senhora, de 84 anos, ouve a conversa e meio envergonhada diz baixinho: “Quando o calor apertava íamos para debaixo dos chaparros, e a hora da sesta acabava mais cedo…”. Com as risotas e com o brilho no olhar, percebi que foi uma bela tarde passada.

Existe amor na terceira idade? Creio que sim. Já vi vários casais, sempre unidos até ao fim dos seus dias. Quando saem das suas casas e vão morar para o lar, não continuam a procurar alguém para se completar, mas querem continuar a aceitar os pedaços que cada um tem em falta.

Que o amor provoca cegueira todos nós sabemos, e será que até pode matar? Não sei, mas reconheço que nos é arrancado um pedaço de nós. Embora ainda não tenha morrido de amores por ninguém, confesso que sempre gostei de finais felizes e a troca de olhares, o coração a bater a mil e o bilhetinho à moda antiga, para mim, ainda fazem sentir borboletas na barriga. Sonhar não custa quando o amor é verdadeiro.

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Acredito que a base da vida é o amor e a sua construção diária na implementação dos seus princípios, mas de que amor falo? Amor entre um casal? Entre pai e filho? Irmãos? Enfim, há vários amores, mas para mim o principal é amar o próximo como a ti mesmo, é ter amor no coração, na alma e na mente. E para si, consegue definir o que é o amor?

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