O Cartaxo como referência de cultura e lazer

Opinião de João Pedro Oliveira

O nosso concelho tem uma tradição popular que nos orgulha. Temos equipamentos de cultura para o qual canalizámos investimento que deveria servir para promover o Cartaxo (sendo este benefício recolhido por todos aqueles que aqui têm os seus negócios). Temos uma região demarcada entre o bairro e a lezíria com um múltiplo potencial de atividades de recreio e lazer para oferecer.

Existem políticas públicas municipais que podem ser implementadas para aproveitar este potencial. Diz-se que talento sem esforço é sinónimo de potencial desperdiçado. O nosso concelho parece ser exemplo disso. O Cartaxo encontra-se a poucos minutos de Lisboa e da área metropolitana que agrega a população com maiores níveis de capacidade financeira de todo o país. O que temos recolhido com isso? Pouco ou mais que nada.

O projeto Cartaxo, Capital do Vinho não passa de uma miragem que se perpetua de orçamento em orçamento no qual a baixa rúbrica orçamental anda de mão dada com uma ainda mais baixa execução. Na vida coletiva do concelho, a ligação do Cartaxo ao vinho, resume-se àqueles que atualmente mantêm a sua atividade profissional e a um cargo ocupado pelo presidente do município numa associação cujo funcionamento passa despercebido. As “termas do Cartaxo” são hoje apenas uma lembrança que persiste junto da população mais envelhecida e um profundo ponto de interrogação junto da mais nova.

Estamos a perder a nossa identidade porque não conseguimos de facto explorar o nosso potencial. Pior que isso vivemos mergulhados num sentimento coletivo depressivo que se alimenta de um discurso político que assenta nos problemas como justificação para a falta de soluções. É preciso mais.

A tradição vitivinícola com expoente municipal na Adega Cooperativa do Cartaxo, bem como de outras empresas que produzem vinho, a cultura gastronómica do Ribatejo, os diferentes espaços de eleição do nosso concelho têm de ser melhor aproveitados. Porque não concretizar pacotes culturais ou de lazer e daí potenciar também o nosso Museu Rural e do Vinho ou o nosso Centro Cultural do Cartaxo? Estes são caminhos que podemos e devemos explorar.

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O Município do Cartaxo tem de se assumir enquanto coração de uma estratégia turística para o Cartaxo. Valada oferece-se como um destino de excelência, mas muito mal aproveitado. A Palhota está ao abandono. Exemplo contrário vemos no outro lado do Tejo no Escaroupim.

É preciso desenvolver protocolos com as empresas do sector vitivinícola, com promotores dos espaços de turismo rural ou de restauração do concelho, concretizados por exemplo em vouchers com descontos na agenda cultural do município.

No que concerne ao lazer é preciso agilizar esforços para homologar trilhos pedestres existentes no concelho, desenvolver outros tantos e promove-los. É altura de sair da bancada e fazer a diferença. Não apenas no papel, mas no trabalho realizado dia a dia, com objetivos ousados e com compromissos que vêm a luz do dia.

*Artigo publicado na edição de agosto do Jornal de Cá.

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