O castigo

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Antes, castigavam-se as crianças por tudo e por nada. Agora, impor um castigo é visto por muitos como algo que as pode traumatizar. Mas o castigo é uma atitude necessária e eficaz quando há problemas (temporários ou habituais) de comportamento da criança. E que castigo utilizar? Será muito? Será pouco?

Obviamente que o tipo de castigo tem importância na eficácia pretendida. Antes, os castigos por vezes eram severos demais, como fechar a criança no escuro ou privá-la de comida. Agora, para não se ser severo, evita-se o castigo e, mesmo quando é imposto pelos pais, muitas vezes não é cumprido. Os pais têm pena dos filhos e depois de passar a zanga decidem esquecer o assunto.

Para serem eficazes, os castigos devem ser impostos de forma firme, sem voltar atrás, a não ser em situações de verdadeira excepção. Para isso, é importante que quem o aplica saiba que o vai conseguir impor até ao fim, ou seja, decidi-lo de acordo com a sua aplicabilidade na prática, deve ter em conta se é um castigo para ser cumprido durante demasiado tempo, se por vários tipos de situações quotidianas não vai ser possível de pô-lo em prática…

Sem dúvida que retirar o computador, a psp, a televisão, durante um dia ou uma semana (na proporção do mau comportamento), não ir a festas de anos, não fazer festas de anos, etc., são facilmente aplicáveis. Castigar não indo às actividades desportivas é um dos casos que se deve evitar recorrer já que nestas também está implícita a noção do cumprimento de uma responsabilidade a que a criança se propôs.

Para haver um castigo eficaz, há vários aspectos a ter em conta que têm toda a influência. É indispensável que quem impõe o castigo não seja desautorizado por outra pessoa, como é o caso grave de quando os pais desautorizam o castigo do professor, ou da mãe que desautoriza o castigo do pai. Se isso acontece, a criança irá ver o castigo não como uma consequência do seu mau comportamento, mas sim como uma forma de jogar e de manipular as consequências à sua vontade.

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É importante a imposição e exigência do cumprimento de regras de uma forma firme e com a concordância de todos os elementos da família para a criança entender que há regras que tem de cumprir e que se não cumprir terá consequências: o castigo, que pressupõe que seja retirado algo importante para ela. Devem ser impostas regras bem definidas, o que não implica rigidez, mas sim limites bem definidos. É fundamental que a criança perceba de forma correcta por que razão está a ser castigada.

Para além da disciplina, o reforço positivo é também essencial já que é a outra face da moeda do castigo, isto é, deve-se também recorrer à utilização do reforço positivo dos comportamentos adequados da criança, valorizando-a e não oferecendo-lhe bens materiais, senão a criança “negoceia” o seu bom comportamento.

A criança deve ter a noção clara do que deve e não deve fazer e quais as consequências: reforço positivo (valorização) ou reforço negativo (castigo). A criança deve saber o que é esperado dela pois sabendo que os seus comportamentos são notados e avaliados por todos os elementos da família de uma forma coerente vai desenvolvendo estratégias de auto-controlo, visando evitar o castigo e obter a valorização, o que vai melhorar o seu comportamento.

Será que o castigo não é um mal necessário para termos crianças bem educadas?
sonia_parenteSónia Parente

Psicóloga Clínica e Mestre em Psicologia Educacional

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