O Vale do Tejo, representa um território multifacetado e um espaço de múltiplas vocações resultante de um processo de maturação histórica, política, económica, social e cultural.
A sul, a Lezíria do Tejo, constitui a sub-região do país com maiores potencialidades e níveis de produtividade agrícolas, possibilitando uma agricultura de excelência orientada para o mercado, interno e externo e garante do abastecimento da grande metrópole que lhe fica adjacente. O Médio Tejo, no centro, constitui um território com uma importante tradição e vocação industrial. Ainda na parte mais setentrional, desenvolve-se uma importante componente agro-florestal que alimenta uma actividade baseada na madeira e mobiliário.
A proximidade à Grande Lisboa e aos principais mercados, a localização da região como um território de atravessamento, intermediação e de múltipla charneira, constituem, inegavelmente, atributos que lhe conferem vantagens comparativas da maior relevância para qualquer estratégia de desenvolvimento regional.
No entanto, apesar de alguns períodos de maior dinamismo, o desenvolvimento da região ribatejana parece ter vindo a estagnar. Muitas das maiores empresas da região têm fechado ou deslocado e não têm surgido novos investimentos empresariais; o tecido produtivo é cada vez mais assente em micro empresas de menor dimensão com muitas limitações financeiras e limitadas na capacidade de inovação; o capital de finalidade reprodutiva tem sido progressivamente substituído por “capital financeiro” de cariz especulativo, criando “uma onda de compra e venda” sem qualquer acrescento de valor para a região; o associativismo empresarial, apesar de contar com o entusiasmo de dirigentes dinâmicos é débil e não consegue concretizar no terreno estratégias de competitividade; nos territórios municipais, para além das antigas “zonas Industriais” raramente foram até hoje concretizados os anunciados Parques de Negócios, etc.. No entanto, os Estudos de Desenvolvimento proliferam, repetindo estratégias e propondo medidas que, depois, não aglutinam na sua concretização os agentes de desenvolvimento da região.
No entanto, a região não pode continuar “num deixa andar”, sobretudo despovoando o mundo rural e não repondo o envelhecimento da sua população. Importa pois, de uma vez por todas, que com muito realismo e dinamismo, os agentes de desenvolvimento do Vale do Tejo municípios incluídos, concertem estratégias de parceria que possibilitem que a região no seu todo multifacetado se assuma como um território de complementaridades, tecnologicamente inovador e, cumulativamente, como um “corredor logístico de excelência” do Atlântico à Europa. Os programas eleitorais das próximas eleições autárquicas, poderão constituir um momento privilegiado para a propositura de projetos inovadores que integrem inadiáveis propostas de desenvolvimento para a estagnada mas potencialmente produtiva região ribatejana.
Artigo publicado na edição de julho do Jornal de Cá.