O mundo está em mudança acelerada e os contrastes são notórios e próprios das revoluções onde a civilização se regenera.
Estamos em plena revolução 4.0, em que a economia se digitaliza a passos de gigante e se reinventa nas múltiplas possibilidades que as tecnologias de informação permitem. Tudo ficou próximo, à distância de um click, e as plataformas de comunicação multiplicaram-se possibilitando uma cadeia de interações que antes era impraticável.
Os tempos do telefonema, do papel e carta, da espera infinda por respostas simplesmente acabou. Tudo se joga agora no digital e aqui a velocidade é rainha e, num segundo, faz-se chegar informação a todos os cantos do globo.
Mas a robotização está em marcha e são muitas as questões que se levantam sobre o futuro do trabalho, agitando o medo da substituição do homem pela máquina. Mas diz-nos a história que sempre assim aconteceu e a adaptação foi conseguida pelas novas possibilidades que se abriram e foram libertando as tarefas que antes obrigavam a força extrema.
Agora os robôs estão a tomar para si tudo o que é repetitivo e passível de ser construído ou replicado de modo automático. E isto não tem de ser uma má notícia, muito pelo contrário. O trabalho é acima de tudo disponibilidade. O velho conceito da força empregue há muito que desapareceu e só resiste nas memórias empedernidas de antigos ritos de passagem entre gerações. Sabemos no entanto que as mentalidades são tartarugas pesadas que se arrastam e levam muitos ciclos a interpretar e aceitar os novos paradigmas. E estes tempos são de mudança, inevitável, de paradigmas.
O desafio é cada vez mais individual e cabe a cada um de nós interpretar a evolução que acontece à nossa volta e tomar as melhores decisões sobre o que queremos para nós. Não são tempos de conforto, é certo. A ideia, algo errada, e que sobreviveu durante largos anos, do emprego para a vida, pereceu. Porque simplesmente estava assente numa lógica de emprego e não de trabalho e intimamente ligada ao funcionalismo público e a uma segurança que não mais pode ser assegurada. Os novos trabalhadores do Estado são contratados e apenas os mais antigos mantêm os vínculos assegurados. Mas com a renovação serão cada vez menos e em poucos anos todos serão, tendencialmente, dispensáveis. Como sempre aconteceu no setor privado, que é quem gera riqueza e faz avançar o mundo e vai pagando os serviços desse mesmo Estado.
E nestes tempos de incerteza global os desafios que se colocam a cada um de nós são tremendos. Que caminhos escolher, que opções tomar e que riscos assumir, são perguntas incontornáveis e que nos moldam os horizontes. Não aceitar as mudanças é preocupante e põe em risco o sucesso dos projetos em que estamos envolvidos. Porque muito do trabalho existente hoje pode desaparecer daqui a 10 ou 20 anos. E entretanto novas tarefas e necessidades irão surgir.
Mais do que nunca cumpre interpretar e entender o que verdadeiramente está em causa e a mudar inapelavelmente. E perceber que a criatividade humana, o engenho e habilidades intelectuais serão o caminho potencial do futuro do trabalho. O tempo do desempenho repetitivo das mesmas tarefas por longos períodos de tempo está no fim. As máquinas irão ocupar todas essas funções e fá-lo-ão de modo mais barato e eficiente. E será em tudo aquilo em que as mesmas não são hábeis nem capazes, no espaço crítico e não duplicável, da criatividade e imaginação humanas, que o futuro e oportunidades se irão jogar em todo o seu potencial. Há tarefas humanas e que têm em si mesmas um cariz de proximidade, inter-relacional e onde as nossas características emocionais e sociais são determinantes. É nestas áreas que irão surgir novas necessidades e o fator humano será essencial.
Cabe a cada um de nós tomar em mãos a condução do seu próprio destino.
É tempo de ler, de investigar, de participar e apostar. Na busca de novos conhecimentos, na perceção de novas conjunturas, no entendimento das novas dinâmicas de relacionamento empresarial e da compreensão dos novos hábitos de consumo digital e virtual. O admirável mundo novo de Huxley imaginava um futuro distópico assente numa sociedade pré-condicionada biológica e psicologicamente para a harmonia social e as suas regras. Não sabemos se algum dia iremos chegar a algo parecido mas já percebemos que estes novos tempos nos levam não a um condicionamento prévio mas antes a uma adaptabilidade constante ao ritmo crescente da evolução, reforçando as capacidades da inteligência emocional e criatividade intelectual. O fator humano é a chave e as máquinas tomarão apenas aquilo que nos aprisiona e não o que nos liberta. Criemos então. Só nós o sabemos fazer!