O segundo mandato de Paulo Caldas à frente dos destinos do concelho ficou marcado por muita polémica e pela retirada de confiança política a Pedro Ribeiro, até então vice-presidente, e que culminou com a sua saída do executivo municipal. Este foi, também, o mandato em que as transferêrncias de verbas para freguesias e coletividades foram aos milhões
O Portugal de 2005 estava ‘pintado’ de rosa, à exceção do distrito de Leiria e do arquipélago da Madeira: o governo era socialista, saído das legislativas de 12 de março, e liderado por José Sócrates, assente numa maioria parlamentar (o PS obteve 45,03 por cento dos votos e um total de 121 deputados). Foi neste governo de José Sócrates que o ex-presidente da Câmara do Cartaxo, José Manuel Conde Rodrigues, foi chamado para assumir as funções de Secretário de Estado da Justiça.
Este governo ficou, aliás, marcado por algumas singularidades. O atual primeiro ministro, António Costa, foi ministro de Estado e da Administração Interna; Diogo Freitas do Amaral, homem do CDS, assumiu a pasta de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros até junho de 2006; o independente Teixeira dos Santos (que havia de sair mais tarde, na sequência do pedido de apoio externo) era ministro de Estado e das Finanças; Manuel Pinho (célebre pelos gestos que fez na Assembleia da República aquando de um debate mensal) era ministro da Economia e da Inovação; e Mário Lino (quem não se lembra do ‘jamais’ o aeroporto para Alcochete?), ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
Foi em 2005 que foi inaugurada, no Porto, a Casa da Música, pela mão do então presidente da República, Jorge Sampaio, cerca de dois meses antes de ser anunciada a extinção do Ballet Gulbenkian. Foi também em 2005 que Portugal assistiu ao falecimento do líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal.
Pelo mundo, Mahmoud Abbas foi eleito presidente da Autoridade Nacional Palestina, sucedendo a Yasser Arafat; George W. Bush tomou posse para o seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos; a Síria retirou os seus últimos 14 mil militares do Líbano, terminando assim 29 anos de ocupação militar desse país; realizaram-se as primeiras eleições presidenciais da história do Egito, com a vitória de Hosni Mubarak, com 88,6 por cento dos votos; e Angela Merkel, líder do partido democrata cristão, foi eleita chanceler da Alemanha.
Foi, também, em 2005 que foi oficialmente fundado o site de partilha de vídeos Youtube e publicado o seu primeiro vídeo; o furacão Katrina atingiu a costa sul dos Estados Unidos, obrigando à evacuação de mais de um milhão de pessoas e matando cerca de mil; e morreu João Paulo II, após um pontificado de mais de 26 anos.
Também nas autarquias dominava o PS, ainda que com menos expressão. Setúbal mantinha a tradição de esquerda, Leiria, Aveiro, Viseu, Guarda, Bragança e o arquipélago da Madeira foram ganhos pelo PSD. Nos Açores, a situação estava equilibrada, com o PS a conseguir 15 mandatos e o PSD 14.
No concelho do Cartaxo, ainda que tenha voltado a vencer o PS de Paulo Caldas, a maioria socialista perdeu um vereador para a CDU. Assim, este executivo foi composto por Paulo Caldas, Pedro Ribeiro, Francisco Casimiro e Rute Ouro (PS), Manuela Estevão e Manuel Jarego (PSD), e Mário Júlio Reis (CDU).
Este mandato havia de ficar marcado pela retirada de confiança política a Pedro Ribeiro, que vinha desempenhando as funções de vice-presidente da autarquia e, mais tarde, pela sua renúncia de mandato, pela renúncia de mandato de Francisco Casimiro, que era vice-presidente desde a saída de Pedro Ribeiro, pela aprovação do Orçamento 2008 numa reunião extraordinária rápida e que não contou com a presença de Pedro Ribeiro, preso no trânsito, e que já tinha votado contra o documento, e com as abstenções dos dois vereadores do PSD, Pedro Reis (em substituição de Manuela Estevão) e Manuel Jarego, que também haviam votado contra em reunião ordinária, pela polémica em torno do processo de concessão de águas, pela colocação de tapumes para a obra do Parque Central em agosto de 2009, mesmo em vésperas de eleições, pelos montantes atribuídos em protocolo às Juntas de Freguesia e pagos através de ARD’s… enfim, uma série de casos que iremos recordar ao longo desta reportagem.
Terceira parte da reportagem sobre os protagonistas do Poder Local em democracia. Para ler na edição impressa de julho, do Jornal de Cá.
Já nas bancas do concelho do Cartaxo!