Os filhos

Opinião de Vera Alves, Psicoterapeuta e Terapeuta de Casal

 

Por que é que a maioria dos filhos, apesar de serem desejados, não são pensados?

Quando um filho é planeado pelo casal, é pela ambição que ambos têm em ser pais, e o bebé é normalmente pensado, idealizado. É a complementaridade da família, a continuidade da mesma.

Por vezes, este bebé surge só porque sim. Porque é o passo a seguir ao casamento. Não há lugar para amadurecer, o bebé não é pensado.

Existe também a pressão familiar e social, que leva muitos casais a apressarem-se: “Quando é que vem?”, “Ainda não estas grávida?”. Mesmo sem sentir essa necessidade e sem estarem preparados, a influência faz com que reajam.

Também a idade é um fator de tensão. Hoje cada vez se casa mais tarde, a mulher sente a pressão dos anos a passar e a urgência da maternidade torna-se cada vez maior. Levados por “já não temos muito tempo”, a chegada do bebé passa a ser um sofrimento para o casal, que perde a disponibilidade para pensar.

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Os imprevistos também acontecem, e quando a decisão de o ter é ponderada e amadurecida e este bebé torna-se desejado e pensado.

Cada vez há mais casais que não querem ter filhos. É uma opção, uma decisão tão legitima como a de querer. Contudo, por regra, são casais incompreendidos por parte das pessoas que os rodeiam. São estigmatizados e pouco respeitados até que seja aceite a sua opção. Nem todas as pessoas nasceram para ser bons pais, escolhem outros projetos e percursos em que sentem serem mais capazes, e em que terão mais sucesso.

São de louvar os casais que fazem uma escolha acertada para si próprios, seja essa a de ter ou não ter filhos. É uma grande responsabilidade ser pai ou mãe. É preciso estar preparado para ceder, abdicar, ajustar e, principalmente, cuidar. Isto só é possível quando o casal cresceu e amadureceu em conjunto e se sente disponível para a chegada de um novo elemento que vai ocupar o espaço não só do casal como também o de cada um.

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