Os peixes-das-anémonas são também vulgarmente chamados peixe-palhaço, por causa do seu colorido garrido e nadar bamboleante característicos. A sua grande beleza e facilidade de aclimatação ao cativeiro tornou-os inquilinos quase obrigatórios de qualquer aquário de água salgada tropical que se preze.
Vivem sempre associados a enormes anémonas nos recifes de coral dos mares tropicais.
Como todos os cnidários, também estas anémonas possuem os seus tentáculos atapetados de células urticantes, chamados nematocistos, capazes de paralisar e matar peixes com mais do dobro do tamanho dos seus coloridos pensionários. Os próprios peixes-das-anémonas não são totalmente imunes a estas armas mortais; antes de entrar em contacto com uma anémona estranha precisam de habituá-la à sua presença, durante uma a duas horas, senão correm o rico de ser também eles devorados. O muco protetor da pele destes peixes possui substâncias inibidoras das descargas dos nematocistos que lhes permitem nadar incólumes pelo meio dos tentáculos mortíferos chegando os exemplares jovens a refugiar-se, ocasionalmente, na cavidade gástrica do cnidário.
Os peixes nadam sobre as anémonas e alimentando-se de pequenos organismos planctónicos arrastados pela corrente, raramente se afastando mais de um metro dos tentáculos protetores. Ao mínimo sinal de perigo refugiam-se todos dentro das anémonas onde os predadores nunca se atreverão a ir tentar apanhá-los. Esta dependência das anémonas é tão forte que nunca encontramos estes peixes separados do cnidário hospedeiro. Pelo contrário as anémonas vivem perfeitamente sem os peixes.
Os peixes-das-anémonas além de beneficiarem do abrigo e proteção das suas amigas farfalhudas ainda lhes roubam alimento dos tentáculos. Também debicam os excrementos da anémona aproveitando o que for possível. A enorme paciência da anémona em tolerar estes irrequietos locatários é recompensada pela constante movimentação da água entre os tentáculos, provocada pelo nadar dos peixes, que elimina a deposição de eventuais sedimentos e promove simultaneamente uma eficaz dispersão das excreções. Eles também catam a anémona de minúsculos crustáceos parasitas (copépodes) e defendem-na de predadores.
A este tipo de associação de dois animais com benefícios para ambas as partes chama-se mutualismo.
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