A Síndrome de Choque Tóxico Menstrual é rara, mas é real e pode afetar qualquer mulher. As consequências podem ser devastadoras
Já pensou nos riscos que corre quando insere um tampão? Pois é. A grande maioria das mulheres não faz ideia do que este pequeno objeto, tão útil “naquelas” alturas do mês, pode provocar. Sim, estamos a falar de Síndrome de Choque Tóxico, neste caso, Menstrual. Diz-lhe alguma coisa? Já leu o folheto que está no interior das embalagens dos tampões? Se nunca o fez devia, até porque esta síndrome é bastante perigosa, podendo mesmo levar à morte, e todas nós podemos estar sujeitas a desenvolvê-la.
A Síndrome de Choque Tóxico Menstrual é provocada pelo Staphylococcus Aureus, ou estafilococo dourado, de que cerca de 20 a 30 por cento da população feminina é portadora, ou pelo Streptococcus Pyogenes. A presença destas bactérias no corpo humano não é, por si só, perigosa. Grande parte de nós vive com elas ao longo da vida, alojadas em locais como a pele, o nariz, as axilas, as virilhas ou a vagina. O perigo acontece quando o seu corpo não tem anticorpos suficientes para as combater. Então, as bactérias começam a produzir uma toxina perigosa que destrói o sangue, e essa é que pode ser mortal. A taxa de mortalidade situa-se em menos de cinco por cento, no caso do estafilococo dourado, mas sobe para os 30 por cento com o Streptococcus Pyogenes.
Apesar de a taxa de mortalidade não ser muito elevada (sobretudo na infeção por estafilococo dourado, a mais comum), as mazelas que advêm da doença não são de menosprezar. Casos como o da modelo Lauren Wasser dão que pensar. Lauren Wasser viu parte da sua perna direita amputada em 2012, na sequência da Síndrome de Choque Tóxico Menstrual, porque as toxinas produzidas pela bactéria lhe destruíram os glóbulos sanguíneos, originando menos oxigenação nos membros inferiores e a consequente gangrena. Mais tarde, teve de amputar, igualmente, parte da perna esquerda. Além disso, sofreu um ataque cardíaco e os seus órgãos chegaram a estar à beira da falência. E tudo porque usava tampões…
Não se sabe ao certo qual a relação entre o uso de tampões e o Síndrome de Choque Tóxico Menstrual. O que se sabe, no entanto, é que o risco de desenvolver esta síndrome parece ser maior quanto maior o grau de absorção do tampão. Assim, deverá usar sempre o menor grau de absorção possível face ao seu fluxo menstrual. Além disso, deverá mudar o tampão regularmente (em caso algum use o mesmo tampão por mais de oito horas); certifique-se que retira o tampão antes de colocar um novo e no final da menstruação; não utilize o tampão para outros fins que não o de absorvente menstrual; idealmente, use um penso higiénico durante a noite.
A boa notícia é que os casos de Síndrome de Choque Tóxico Menstrual têm vindo a diminuir, sendo, atualmente, de um caso por cada 100.000 mulheres por ano. No entanto, esteja atenta aos sinais. O Síndrome de Choque Tóxico Menstrual é facilmente confundível com uma gripe ou uma gastroenterite. Os sintomas podem ser febres altas súbitas, diarreias, convulsões, dores musculares e de garganta, ou desmaios, entre outros.