A Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense tem promovido vários eventos durante o mês de Outubro em comemoração dos seus 110 anos, pois foi fundada em 4 de Outubro de 1910. Contudo, a existência de “Música” em Pontével é bastante anterior.
Consultando o acervo documental da Junta de Freguesia de Pontével, mais concretamente o mapa da Contribuição Paroquial Directa, mais conhecida por Derrama Paroquial, imposto pago por pessoas colectivas ou singulares, cuja receita revertia a favor do ensino escolar, aparecem já no ano de 1883, e 1886 registos da “Philarmónica Pontevelense” referindo uma renda sumptuária de 504 reis, e as respectivas contribuições de 010 e 015 reis, o que prova a existência duma sociedade musical devidamente registada.
A 9 de Abril de 1888, houve uma festa, no Largo do Rocio, pela inauguração da estrada que ligou o Atravessado ao Reguengo, tendo essa festa sido abrilhantada pela Filarmónica União Pontevelense. Até 1870, encontrei uns estatutos duma Sociedade União Pontevelense. Este documento que deveria de ser constituído por cinco páginas, das quais só existem quatro, é muito específico e está dividido em capítulos e artigos. Assim, podemos afirmar que anteriormente a 1904, já tinham existido em Pontével, pelo menos, duas sociedades musicais: a Sociedade União Pontevelense e a Filarmónica União Pontevelense.
Não se sabe se estas sociedades musicais tiveram ou não continuidade até 1900, época do grande incremento no desenvolvimento musical em Pontével, levado a efeito por Agnelo da Fonseca. Este homem, natural da Marmeleira, mas aqui residente, em colaboração com dois outros homens, também da Marmeleira, e tambem aqui residentes, Alfredo e Augusto Loureiro, e do pontevelense Artur Lourenço da Silva (“Carapinha”), fundaram a Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense, em 4 de Outubro de 1910.
Embora a S.F.I.P. tenha chegado aos dias de hoje, nem sempre a sua existência foi pacífica; por volta dos anos 30, questões internas levam à cisão da S.F.I.P. em duas sociedades: Sociedade Musical União Pontevelense e Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense, apelidados de “Grilos” e Besoiros”, respectivamente.
Enquanto perduraram as duas bandas, cada uma ensaiava em sítios diferentes; a Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense (S.F.I.P), ensaiava na casa do comerciante José Casimiro de Figuiredo, e a Sociedade Musical União Pontevelense, numa casa também na Rua Luis Duarte, que faz esquina com a Travessa de S.Pedro. Assim foram continuando até ao episódio dos Grilos e dos Besoiros que ocorreu em 1 de Dezembro de 1933, que só terminou com a intervenção das autoridades e do apelo do Dr. Egas de Azevedo, respeitável médico local.
Após os desacatos foi sugerido que que as bandas se juntassem e formassem uma nova banda, a Sociedade Filarmónica Fraternidade Pontevelense, que de facto chegou a existir mas com muito pouca duração, voltando de novo a S.F.I.P. José Casemiro de Figueiredo, proprietário duma casa antiga, que tinha sido um lagar de azeite, situada na Rua da República e já utilizada para ensaios de teatro e outras festividades, passou a ser o local de ensaios da S.F.I.P.
Com o passar dos anos e depois de algumas transações comerciais, a S.F.I.P. manteve ali o seu espaço até à inauguração das novas instalações. Após uma reflexão apurada as velhas instalações da Rua da República voltam agora à posse da S.F.I.P. onde se realizam eventos de carácter social. Assim, foi possível realizar as comemorações dos seus 110 anos nos dois espaços que tão bem se complementam.
PARABENS S.F.I.P.
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