Parreirita triunfo redondo na sua terra

©Vitor Neno

Por Vitor Teixeira Santos

Volvidos 34 anos desde a última vez que escrevi sobre tauromaquia para o jornal regional “O Tejo” (jornal nº 89 de 14 Fev. 1985), e antes de iniciar mais um ciclo no Jornal de Cá, quero agradecer o amável convite da sua diretora, Fátima Machado Rebelo. Vamos ver se não lhe perdi o jeito.

Por ocasião da Festa do Vinho, realizou- se mais uma tradicional Corrida de Toiros à Portuguesa na centenária Praça de Toiros da nossa Terra, que comemora este ano uns magníficos 145 anos desde a sua inauguração. Que Deus a conserve!

Primeiramente, e antes de irmos ao que realmente interessa, aos factos e acontecimentos que decorreram na arena da Praça de Toiros da nossa Terra, não posso deixar de comentar, quer como aficionado quer como cartaxeiro, o facto de a apenas 40 quilómetros uma outra empresa tauromáquica com responsabilidades acrescidas no panorama taurino nacional, anunciar, para a mesma data e quase mesma hora, uma corrida de toiros de reinauguração da Praça de Toiros. Por todas as razões e mais algumas que lhe possam assistir, os aficionados do Cartaxo e a tauromaquia em geral é que podiam e podem perder com estas atitudes e não merecem. Dir-se-á, “efeitos colaterais”, mas não merecíamos. A empresa concessionária da praça do Cartaxo, Ovação e Palmas, levou a corrida do Cartaxo por diante e, com um trabalho exemplar de divulgação e envolvimento, conseguiu preencher cerca de três quartos de casa forte. A tauromaquia e o Cartaxo saíram vencedoras. Olé!


O Cartel

Cavaleiros: Ana Batista, Manuel Telles Bastos, Paulo Jorge Santos, Parreirita Cigano, David Gomes e Verónica Cabaço

Ler
1 De 8

Forcados: Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo, Grupo de Forcados Amadores da Chamusca e Grupo de Forcados Amadores do Cartaxo

Ganadaria: José Luís Vasconcellos e Souza d’Andrade

O primeiro toiro foi lidado por Ana Batista e pesava 445 quilos. A Ana Batista é daquelas toureiras que o seu toureio tem um perfume especial. Sempre bem montada, não sabe estar mal, mesmo quando o adversário não colabora, tendo mesmo sido colhida com toque na montada, rematou a lide com três bons ferros curtos. O Grupo do Ribatejo pegou à terceira tentativa, por intermédio de Ricardo Jorge.

O segundo da ordem saiu à arena com 485 quilos para ser lidado por Manuel Telles Bastos. O ‘Manel’ é um toureiro de dinastia que executa um toureio clássico, não fosse ele “um Telles”. Sabe estar a cavalo como ninguém e, em sortes frontais, cravou de alto a baixo, finalizando com um ferro de palmo bem rematado. Para a pega saltou o Grupo da Chamusca e para a cara o forcado Hélder Delgado que, sem problemas, consumou à 1ª tentativa, bem ajudado pelo Grupo.

Coube a Paulo Jorge dos Santos o terceiro da ordem, que pesou 510 quilos. Brindou a lide ao falecido Filipe Oliveira, irmão de Manuel Jorge de Oliveira. O Paulo Jorge é um toureiro profissional, batalhador, valente como poucos e alegre e não tem tido as oportunidades em Portugal que merecia. O toiro que lhe coube não colaborou em nada, um manso perdido, mas acabou a lide com dois ferros de palmo de bom efeito. Para a pega deste toiro saiu à praça o Grupo da nossa Terra e para a cara o cabo designou o forcado Fábio Beijinho. O Fábio está destinado a toiros com dificuldades, que ele sabe bem dar a volta e recebê-los com mestria e técnica, sendo que este era a fava da tarde. Esteve bem nas duas primeiras tentativas, em que o toiro investiu e humilhou com boas primeiras ajudas do Duarte Campino, mas não chegou ao Grupo, e saiu fortemente derrotado. Nas tentativas a sesgo, o toiro defendia – se, reunia com um corno e concretizou à quarta tentativa.

Para o nosso conterrâneo Parreirita Cigano saiu o quarto da tarde, com 445 quilos. A “jogar” em casa, Parreirita deu o que tinha e não tinha perante um oponente que, bravo de início, provocando alguns toques na montada, se foi refugiando em tábuas, obrigando-o a pisar terrenos de compromisso. E foi aí que pintou o toureio. Com o seu cavalo ferro Rio Frio, de seu nome “Banquete”, a dois metros do toiro, aguentou barbaridades, sereno, para, depois da investida, fazer a batida ao piton contrário e rematar com dois extraordinários ferros que fizeram levantar as bancadas. Deu a segunda volta à arena com o seu “Banquete”, com o forcado do Grupo do Ribatejo, Ricardo Regueira, que pegou à primeira tentativa sem dificuldades.

David Gomes foi o ginete que recebeu o quinto da ordem, com 455 quilos. Brindou a lide aos símbolos do nosso Ribatejo, “Os Campinos”. Como se diz na gíria, não há quinto mau, possivelmente o melhor toiro da corrida, mas David Gomes, pouco toureado, não tirou o melhor partido, acabando com um par de bandarilhas de tão agrado do público. No final da corrida, este toiro não teve o mesmo destino dos restantes e foi devolvido às pastagens. Saltaram para a pega os rapazes do Grupo da Chamusca e para a cara o já experiente Bernardo Borges. Forcado confirmado, que mandou vir o toiro quando quis, e recebeu ainda melhor toiro que entrou pelo grupo, que fechou sem problemas, acabando por ser a melhor pega da tarde, merecidamente, recebendo, por isso, o troféu em disputa.

Verónica Cabaço reaparece depois de uma violenta colhida em Sousel, na segunda-feira de Pascoela, lidou o sexto da ordem, que pesou na balança 469 quilos. Algo irregular, sofreu toques nas montadas, mas terminou a lide com um violino de bom efeito.

Para a pega, saiu novamente o Grupo da Terra, por intermédio de José Ribeiro. Bonito a citar, mandou vir o toiro e recebeu ainda melhor, com o grupo a ajudar bem e sem problemas. O Grupo do Cartaxo, como se sabe, é ainda somente membro pré-associado da ANGF-Associação Nacional de Grupo de Forcados, e brindou esta pega aos Cabos dos Grupos de Forcados com quem partilhou cartel, por forma a retribuir os seus votos a favor da sua entrada. É a forma que os forcados AMADORES têm para transmitir a sua gratidão a todos os que, de alguma forma, os ajudam.

Dirigiu a corrida o Sr. Marco Gomes, assessorado pelo Veterinário Dr. Hugo Rosa.

Em resumo: Corrida agradável e o Cartaxo e a Tauromaquia saíram vencedores, ao preencher de público duas praças de toiros, que distam somente cerca de 40 quilómetros.

Por último, e uma última nota: é natural e óbvio que escreva mais algumas palavras e considerações sobre os toureiros e forcados da nossa Terra, uma vez que os leitores do Jornal de Cá são maioritariamente Cartaxeiros e procuram notícias e atuações dos seus toureiros e forcados.


Proximos compromissos dos toureiros e forcados da terra*

Azambuja, dia 2 de junho, Cartel: João Moura, Rui Salvador, Gilberto Felipe, Manuel Telles Bastos, Nelson Limas, Manuel Oliveira. Grupos de Forcados de Azambuja, Aposento Chamusca e Cartaxo. Toiros Passanha

Santarém, 10 de junho, Cartel: António Ribeiro Telles, Luís Rouxinol, João Salgueiro da Costa, Grupo de Forcados de Santarém, toiros J. L. Vasconcellos e Sousa Andrade.

Cartaxo, 22 de junho, ocasião das Festas da Cidade, o cavaleiro Parreirita Cigano e o Grupo do Cartaxo estão já confirmados pela empresa.

(*Estes são os compromissos que à hora do fecho eram do nosso conhecimento)

Isuvol
Pode gostar também