Pensar o Cartaxo

Visto de Cá, por Pedro Mesquita Lopes

O título promete, mas não esperem (quase) nada. Ainda assim permitam-me “o arrojo, a audácia, o desprezo pela vida” e, em vez de entrar no Poço da Morte, deixem-me dar uma de tudólogo de “trazer por casa” – gosto mais da expressão de “carregar pela boca”, mais arcaica e peculiar, mas parece-me que ainda é menos utilizada que aquela e, espero estar enganado, acho já quase se lhe perdeu o sentido. Adiante.

Há cerca de um ano os eleitores do Cartaxo decidiram que a Câmara, a Assembleia Municipal e a União de Freguesias da sede do concelho mudassem de ares – além da União de freguesias de Ereira e Lapa –, dando expressão nas urnas aos sentimentos que a maioria dos Cartaxeiros nutria pelos executivos socialistas: cansaço, desesperança e enjoo. Cansaço com o abúlico e anémico estado de coisas; desesperança quanto à capacidade (de mudança) de quem governava o concelho e algumas freguesias; e enjoo com as desculpas esfarrapadas com que se ia justificando o desmazelo, o desleixo, a inação e a apatia.

Posso estar enganado, mas foi este conjunto de sentimentos, anseios e ideias que justificaram a inesperada – “há que dizê-lo com frontalidade” – hecatombe do PS e as justificadas vitórias do PSD.

Agora, passado quase um ano das eleições, começa a ser tempo de se fazer uma primeira avaliação do mandato dos novos executivos da Câmara e das Juntas, perceber o que foi feito, o que está melhor (ou pior, e, se for o caso, retificar a toda a pressa) e o que pode e deve ser feito e melhorado e, também, parece-me, começa a ser tempo, fora de campanhas eleitorais, de se pensar e discutir a sério o Cartaxo, o que queremos para o Cartaxo, o que entendemos ser necessário e imperioso fazer ou ser enquanto comunidade.

É verdade que temos as reuniões do executivo da Câmara ou a Assembleia Municipal ou mesmo as diversas Assembleias de Freguesia e que qualquer munícipe aí pode levantar questões, apresentar sugestões, dar os seus contributos, mas temos de reconhecer que os fóruns políticos não “puxam” as pessoas, pelo que teremos de procurar encontrar outras formas de participação, outras vias de envolvimento da comunidade.

Deixem-me então voltar ao início, ao primeiro parágrafo, ao tudólogo de trazer por casa, ou melhor a uma espécie disso, que eu não quero opinar à doida sobre tudo e mais um par de botas, pelo contrário, eu gostava é que outros opinassem, que outros/muitos/todos contribuíssem, discutissem, se interessassem pelo nosso futuro comum, fosse através de uma plataforma, de uma organização ou um evento que permitisse aos Cartaxeiros contribuir com ideias e soluções para um futuro melhor e com cada vez mais qualidade de vida para todos.

Isuvol
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