Perfil – Paulo Vila

É um homem sensato, sensível e que, como ele próprio reconhece, “emociono-me facilmente”

Cartaxo, 29/09/2016 - Paulo Vila, Revista Dada, edicao de Outubro 2016 ( Vitor Neno / Neno Photo )

Eu Sou
Amigo do meu amigo, humilde, sincero, trabalhador, alegre e um bocado teimoso.

48 anos, assistente operacional na Escola Secundária do Cartaxo, casado com a Rosa
e pai da Margarida. Vive em Vale da Pinta.

É um homem sensato, sensível e que, como ele próprio reconhece, “emociono-me facilmente”. Gosta de lidar com pessoas, de encontrar soluções e de contribuir para o bem da comunidade. Daí que o envolvimento na vida política e associativa seja uma coisa natural. Mostra ser uma pessoa muito apegada às suas raízes e, ainda mais à sua família, para quem diz ter sempre tempo, apesar das horas a mais que passa no local de trabalho, “sempre com boa vontade”, e de outros afazeres, na autarquia, nas associações da terra ou em campanhas de solidariedade.

Eu Não Gosto
Falsidade, mentira, violência, guerras e do inverno.

O seu espírito de ajuda é tão grande que chegou a ajudar um casal de Arruda dos Vinhos que precisava de uma cadeira de rodas especial para o filho, que sofria de uma doença grave. Escusado será dizer que, com todo o seu empenho e boa vontade, conseguiu fazer um espetáculo de três horas, com artistas conhecidos, e angariar o dinheiro para a cadeira.

Eu Não Sou
Invejoso, arrogante, falso e acho que não sou má pessoa.

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Atualmente cumpre o mandato no executivo da União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta, depois de já lá ter estado, inclusive como presidente da Junta, durante seis anos. Diz-nos que voltou porque “fui convidado pelo Délio (Pereira), que eu conheço há muito tempo, e ele é uma pessoa séria, competente e que pensa como eu; também gosta de trabalhar em prol dos outros”. Para tal, fez um interregno na vida associativa e quem ficou a perder foi o Rancho Folclórico de Vale da Pinta, onde dançou durante 30 anos, dos quais 25 foi ensaiador, e onde conheceu a mulher, que ali começou a namorar, aos 16 anos. Ambos fizeram parte da direção do Rancho, onde também a filha dançou. “Foi uma vida ligada ao folclore, com experiências muito boas, especialmente quando fomos dançar fora e estivemos com os emigrantes”, e reconhece que o rancho faz-lhe falta. Outra das suas paixões é o futebol e, claro, o Benfica. Jogou no União Desportiva e Recreativa de Vale da Pinta, onde também foi diretor durante cinco anos, mas teve de deixar a bola por causa de problemas num joelho. Mas ainda entra nalgumas “brincadeiras” numa equipa de veteranos do UDR.

Eu Gosto
De estar com a família, de estar com os amigos, do associativismo, do futebol e, claro, do Benfica, do folclore, verão, praia e boa comida.

É, sobretudo, um homem interessado pelo que o rodeia e que gosta de aprender. Terminou o 9º ano de escolaridade, já em adulto, e gostaria de estudar mais e concluir o 12º. E, se hoje em dia, gostava de trabalhar em algo mais criativo, como as artes gráficas, em jovem queria ser professor de Educação Física, mas a matemática, onde nunca foi “grande espingarda” levou-o a abandonar esse sonho. Saiu cedo da escola para trabalhar e quando lá voltou, ainda novo, com cerca de 21 anos, foi como auxiliar educativo. Mas antes disso já havia ganho alguma experiência em diferentes locais de trabalho: começou em oficinas de carros, passou por uma fábrica de rações e, por fim, pelo armazém de mercadorias Batista e Carvalho, onde gostou muito de estar, mas a oportunidade de ir para a Escola Secundária do Cartaxo, como auxiliar educativo, e ganhar um melhor ordenado fê-lo mudar de vida. E é na Escola Secundária do Cartaxo que se mantém, atualmente como assistente operacional e coordenador dos assistentes operacionais, dando ainda apoio a todo o agrupamento.

Eu Quero
Saúde para todos, um mundo melhor onde impere a paz, cura para todas as doenças, que todos tenham trabalho, comida e uma casa. E o Benfica campeão.

“Tenho uma relação muito próxima com os miúdos, que depois são homens e já aparecem cá com os filhos. Conhecemos os miúdos como alunos, mais tarde como pais”, conta Paulo Vila que diz ser “recompensador” quando vai na rua e é cumprimentado por tanta gente. Assim como “é muito gratificante quando eles saem da escola e depois vêm-nos pedir para lhes assinar as fitas de final de curso”. Para quem nos diz ser “um apaixonado pela vida”, “trabalhar com jovens é ótimo”. É um trabalho de grande responsabilidade, nomeadamente no controlo das entradas e saídas da escola, mas existe o outro lado da amizade e empatia que se cria com os jovens, muitos deles que “encontram em nós um ombro amigo”. Por outro lado, entristece-o perceber que, hoje em dia, “muitos pais delegam para a Escola a responsabilidade dos filhos”, até quando há casos em que os miúdos têm de ser levados ao hospital por alguma emergência “há pais que simplesmente se negam a acompanhá-los”.

Eu Não Quero
Que haja doenças e fome no mundo, não quero guerras e não quero governantes corruptos.

Como esta, “já apanhei algumas situações ingratas”, revela Paulo Vila, indicando alguns problemas sociais e familiares que afetam alguns alunos, como a fome e as más relações familiares. E não é fácil desligar destes problemas, pois partilha o local de trabalho com a mulher (com quem completa 25 anos de casado este ano) e, facilmente, certos problemas que se passam na escola acompanham-nos até em casa. Tudo isto, porque tem como lema de vida ser feliz e só consegue ser feliz com a felicidade dos outros.


Texto publicado na edição impressa da Revista DADA nº64 de outubro de 2016

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