Será que precisamos assim tanto do plástico? São palhinhas, cuvetes, caixas e caixinhas, invólucros, balões… um sem número de objetos sem os quais passaríamos perfeitamente. Seria a mesma coisa? Não, seria melhor. Seria melhor porque os peixes, por exemplo, deixariam de confundir os resíduos plásticos existentes no mar, cobertos de bactérias ou algas, com alimento, introduzindo-os na cadeia alimentar, segundo avança um estudo de investigadores da Universidade da Califórnia e do Aquário da Baía de São Francisco, nos Estados Unidos, citado pelo Jornal Público. Até porque a ingestão de plásticos pelos peixes pode ser fatal e leva à acumulação de substâncias tóxicas ao longo da cadeia alimentar.
Mas não são só os peixes que sofrem com os resíduos de plásticos na água, toda a vida marinha se ressente. Estudos recentes sobre os impactos do plástico no meio marinho têm confirmado a morte por inanição de milhares de crias de aves marinhas no Pacífico que, por engano, são alimentadas pelos progenitores com resíduos plásticos de pequenas dimensões que não se degradam no seu aparelho digestivo.
Existe uma ‘ilha de plástico’ ao largo das Honduras e da Guatemala apenas constituída por detritos que são levados para o mar através dos rios e a Ilha de Henderson, no Pacífico, entre a Nova Zelândia e o Chile, Património Mundial da UNESCO, tornou-se um aterro mundial de plástico, graças às correntes oceânicas que transportam o lixo para as suas praias.
Anualmente, produzimos mais de 300 milhões de toneladas de plásticos que não são reciclados, o que leva os especialistas a dizer que, se continuarmos a produzir a este ritmo, em 2050 os oceanos vão ter mais plástico do que peixes, em termos de peso.
A utilização que vem sendo feita de objetos de plástico não se justifica. As palhinhas, por exemplo, são feitas de um material praticamente indestrutível e que dura para sempre, mas já há opções: palhinhas de papel, alumínio ou bambu.
E quanto às cuvetes? É frequente, em qualquer grande superfície, encontrar duas maçãs numa cuvete, ou dois bifes, por exemplo. Se, em vez de comprarmos embalado, optarmos por comprar a granel, na secção de frutaria ou no talho, estamos a contribuir para que existam menos resíduos. Ou então, tal como se fez em França, nos anos 60 do século passado, compramos e, após o pagamento, retiramos das cuvetes e deixamos para que a grande superfície se livre delas. Em França, esta ação levou a uma diminuição da presença das cuvetes nas prateleiras, já que se tornou complicado para os proprietários desfazerem-se de tantos resíduos…
O grande problema é que estes materiais plásticos nos vieram facilitar grandemente a vida. É muito fácil usar e deitar fora. Mas de cada vez que deitamos fora estamos a produzir resíduos que podem levar 400 anos a decompor. Por isso, ainda antes de encaminhar estes produtos para a reciclagem, importa pensar se não existem outras utilizações que lhes possamos dar.