Na próxima segunda-feira, 9 de maio, os enfermeiros e podologistas Holon estão no Cartaxo, nos pontos de assistência da Cruz Vermelha Portuguesa, para apoiar os peregrinos. A podologista Iolanda Moreira integra este projeto e fala à Revista DADA sobre a sua importância para que estes caminhantes possam chegar ao seu destino em forma
Quais são os problemas mais comuns a afetar os pés dos peregrinos?
Durante as caminhadas os pés estão sujeitos a microtraumatismos repetitivos, esforço muito intenso, condições atmosféricas (calor ou frio), que se repercutem muitas vezes em lesões. Estamos a falar de lesões muito comuns, como as flictenas (bolhas), lesões nas unhas, queimaduras solares, picadas de insectos, tendinites e contraturas, resultantes do esforço muscular, edemas vasculares (pernas inchadas).
Que conselhos pode dar para que se possam evitar?
Para evitar lesões graves provocadas pelo mau apoio ou pelos maus hábitos diários, é importante, antes de iniciar os treinos, consultar um podologista e fazer uma avaliação do seu pé.
Recomendamos: fazer atempadamente caminhadas de preparação, com o calçado que vai usar na caminhada (mas evite fazê-lo em ginásios); cortar as unhas de forma reta e nunca nos dias anteriores à caminhada; uso de meias de algodão, preferencialmente de cor clara, que devem ser mantidas limpas, secas e bem colocadas para evitar atrito. Devem ser do tamanho certo para se encaixar perfeitamente aos contornos do pé e não formarem rugas. Dado que o exercício e o calor, durante a caminhada, aumentam a transpiração dos pés, recomenda-se que leve vários pares de meias e os mude várias vezes, por cada etapa percorrida.
É igualmente aconselhável colocar pó de talco nas meias, antes de as calçar. O pó de talco irá absorver a humidade provocada pela transpiração, evitando assim a formação de bolhas e a maceração da pele.
Usar calçado adequado para caminhadas, neste caso ténis devidamente adaptados ao pé e nunca usar calçado novo nestas caminhadas.
Costuma haver casos de grande gravidade que impeçam a pessoa de continuar a caminhada?
Existem de facto casos de maior gravidade que impedem que o peregrino continue. As entorses, tendinites são sempre bastante limitantes e por vezes é necessário parar, tanto pela dor, como para não agravar a lesão. Com as altas temperaturas, assistimos por vezes a lesões na pele pelo aquecimento do asfalto.
Que tipo de tratamentos vão os podologistas preparados para fazer?
Os tratamentos serão direccionados para as patologias mais comuns, ou seja, tratamento das bolhas nos pés, lesões nas unhas, lesões musculares e osteoarticurares do pé. Todas as lesões que necessitem de tratamento especializado, que não seja possível fazer nos postos de controlo, encaminharemos para os serviços competentes.
Na sua opinião, é importante haver este tipo de iniciativas conjuntas que ajudam a promover uma melhor saúde e um maior bem-estar?
Estas iniciativas são fulcrais não só para promover a saúde e bem-estar, mas principalmente porque são estes tipo de parcerias, que ajudam os peregrinos a chegar ao fim desta caminhada extremamente dura. Não temos dúvidas que, se assim não fosse, muitas promessas ficariam pelo caminho, pois estes peregrinos não conseguiriam chegar ao fim.
Acha que, no dia-a-dia, damos a devida atenção aos nossos pés?
O pé é a base de sustentação do nosso corpo. Os pés têm a importante função biomecânica do movimento e são a primeira estrutura a receber forças e pressões, amortecendo-as e minimizando desta forma os seus efeitos nas restantes estruturas do organismo.
Por esta razão se torna tão importante cuidar deles! Mas infelizmente a maioria da população Portuguesa só cuida dos pés quando existe alguma patologia, tornando por vezes, um problema simples numa patologia difícil de tratar!
Saiba mais aqui sobre esta iniciativa