Pontével, no advento da República

Opinião de Zelinda Pego

Pontével, nos finais do séc XlX, tinha uma população de cerca de 2.500 “vizinhos”, e era “governada” por uma Junta Paroquial que tinha como presidente um pároco. Contudo, o Código Administrativo de 1878 admite como presidente um leigo. Assim, de 1882 a 1890 são presidentes da Junta da Paróquia, Luiz Duarte Martins Carneiro, António Coutinho Varela, e Francisco de Paula e Assis Araújo. Durante a presidência de Francisco de Paula e Assis Araújo, foi alterada a toponímia de Pontével e assim aparecem topónimos de portugueses ilustres, tais como Camões, Serpa Pinto, Vasco da Gama, Capelo e até Magalhães de Lima, Grão-mestre da Maçonaria na época e, também, Rua da Liberdade.

Em 1898, entra em vigor, o Código Administrativo de 1895, que repõe na presidência das Juntas Paroquiais, um padre.

De 1908 a 1910, era a Junta da Paróquia constituída por Silvestre Tavares dos Santos Lima, padre, e pelos vogais António Maurício dos Santos, Severino José Duarte, António da Silva Pimenta, tesoureiro, José António Agnelo da Fonseca, Augusto Máximo Deyrieux, Olegário António Alves, regedor.
Em 10 de Abril de 1910, era inaugurado em Pontével o Centro Escolar Republicano, que os jornais da época noticiaram salientando Agnelo da Fonseca e Manuel Gomes Ascenso pela dedicação à terra, à Pátria e à causa republicana. A este evento assistiram Bernardino Machado e Mayer Garção que, da estação de Sant´Ana passando em cortejo pelo Cartaxo, se dirigiram para Pontével que a imprensa classificou como “uma auspiciosa jornada republicana, o entusiasmo e o carinho com que o povo se manifestou demonstrando simpatia por aqueles que dia a dia se sacrificavam para libertar a nação do predomínio nefasto da monarquia”…

Em 14 de Junho de 1910, houve em Pontével uma Festa Democrática realizada pela Direcção do Centro Escolar Republicano, onde Manuel Gomes Ascenso, farmacêutico local e director do referido Centro, demonstrou os “prejuízos que advinham da conservação do regime monárquico”, seguindo-se o advogado José Montez, que ao elogiar a propaganda republicana e anti-clerical foi “delirantemente” aplaudido.
Afigura-se, pois, que Pontével estava receptiva a uma viragem política, visto que, quatro dias após da implantação da República em Lisboa, toma posse em Pontével, a 9 de Outubro de 1910, uma Junta Paroquial Republicana, constituída por Manuel Gomes Ascenso, como presidente, e pelos vogais, Artur Lourenço da Silva, António Manuel Gabirro, José Duarte Lopes, Carlos Raposo Araújo, regedor, António da Silva Pimenta e António Cesário Alves.
Esta Junta Paroquial Republicana funcionou até 1914, sendo depois substituída pela Junta Paroquial Civil de acordo com a Lei 88 de 7/8/1913.
A primeira Junta Paroquial Civil foi presidida por Albertino da Cunha Ribeiro, tendo como vogais, João António Gomes Dias, António Manuel Gabirro, Jacinto Anastácio, João da Silva Rochato Júnior e António Cesário Alves.

A Lei 621 de 23/06/1916 altera definitivamente a designação de Junta de Paróquia, para Junta de Freguesia, sendo a primeira Junta de Freguesia de Pontével constituída por José António Agnelo da Fonseca, presidente, tendo como vogais José Álvaro Mineiro, António Duarte Quaresma Júnior e Cesário António Alves.

*A autora não adopta o acordo ortográfico vigente.


 

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