Pontével, terra de tradição jornalística

Opinião de Zelinda Pego

(Continuação do nº anterior)

Em 23 de Maio de 1888, sai o nº 1 do jornal, “A Farpa”. Na primeira página, além do preço da assinatura anual, pouco legível, indica também o custo das “Publicações no campo do jornal – 1.000” talvez réis, embora não esteja explícito; consta o nome do administrador, “Gazuza”, do redactor principal, “Maracá” e do gerente, o “Bisnau”.

Este jornal dá algumas notícias da terra, tais como a Festa da Srª do Desterro, um “Sarau – Litterário – Música”, “Echos de Lisboa”,  “charadas “ e até alguma poesia. Critica o jornal “Os Dois Zés” e outro jornal, “A Tezoura” do qual não tenho nenhum exemplar.

Os autores dos artigos raramente se identificam. No final do artigo fazem um pequeno desenho ou, simplesmente, “um pontevelense” ou umas iniciais, tais como L.P.B. Nos dois jornais existentes, de 23 e 30 de Maio de 1888, o único artigo assinado tem o nome de Hippolyto, mas escrito entre parênteses.

Em 24 de Maio de 1888, surge uma publicação bi-semanal, intitulada “Os Dois Zés”, do qual só chegou até nós um exemplar. Notícias locais, alguns anúncios, mas é, acima de tudo, um jornal de crítica social e política, embora disfarçada. Os autores dos artigos deste jornal são o “123 decilitros”, mas a sua maioria são assinados por Mayer Garção -Francisco de Sande Mayer Garção.

Em 1906, aparece o jornal “A Verdade” que, na sua primeira página, o intitula de “O Jornal de Maior Circulação do Concelho”, com a Redacção e Administração na Rua dos Escudeiros, nº 11, em Pontével.

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Era um jornal semanal, que se afirmava independente, tal como exprime Agnelo da Fonseca na primeira página do jornal nº1, de 22 de Abril de 1906, intitulado  “A intriga Local”, onde declarava : “ao encetarmos a nossa carreira jornalística, declaramos logo no primeiro número de “A Verdade” não termos cor política e ser apenas o nosso intuito defender os interesses da nossa terra…”

Neste jornal, os artigos eram assinados quer com o nome do articulista quer com um pseudónimo, tais como Avilis, Elmano, Um Séptico, Um Proprietário etc… Quanto a nomes verdadeiros, aparece Abreu Mendonça, José Augusto Borges e Agnelo da Fonseca

Era um jornal mais diversificado, pois além do caris político e das notícias locais, tinha já um folhetim, intitulado  “Um Administrador à Altura”.

No mesmo ano, 1906, aparece outro jornal, “A Mentira”, que se intitulava um jornal humorístico e filho da Verdade. A crítica era feita não só através da escrita mas também da figuração. O proprietário, director, impressor, administrador e editor, era um Daniel Marrunchinha.

Cinquenta e um anos depois, surge A Voz de Pontével.

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