Este não é um assunto de agora. O intenso tráfego de veículos pesados na vila e outras localidades da freguesia de Pontével, tal como também acontece na cidade do Cartaxo e noutras localidades do concelho, como a Lapa, desde que o município de Azambuja proibiu a circulação destes veículos em Aveiras de Cima, tem sido tema de várias assembleias de freguesia e reuniões do executivo municipal. Para além da degradação das vias e dos edifícios, as populações sentem-se inseguras na rua, ainda mais agora que já começaram as aulas.
Nesta segunda-feira, 16 de setembro, cerca de 20 moradores de Pontével estiveram presentes na reunião da Câmara Municipal do Cartaxo para dizer que chegaram ao limite. Hernâni Rodrigues foi o primeiro a falar sobre este problema que afeta a freguesia “há um ano e meio ou mais”. “Chegámos ao limite! Temos camiões a passarem de 15 em 15 minutos, temos tratores de grande porte para a Quinta do Atravessado, temos as nossas crianças que começaram hoje a escola…”, lembrando que “foram prometidos sinais de trânsito e lombas”. Situação que acompanha também enquanto eleito pelo PSD na Assembleia de Freguesia de Pontével e sobre a qual já apresentou uma moção em sede de assembleia e, mesmo sabendo das conversações que têm havido entre os dois municípios envolvidos, lamenta que “não tem havido boas notícias”.
Maria da Graça Calisto, moradora na Avenida 9 de Abril há quase 50 anos, diz que, atualmente, “é insuportável viver ali”. “A partir das seis da manhã, não é de quarto em quarto de hora, como o Hernâni diz, é de dez em dez minutos, camião para cima, camião para baixo, toda a casa estremece… eu já ia sendo atropelada com o meu neto no carrinho…” Maria da Graça diz que, inclusivamente, quando se cruzam dois camiões “as árvores ficam destrancadas e levamos com os ramos em cima”, afirmando ainda que a velocidade destes veículos pesados é “extrema”, chegando a “ter medo de sair à porta”. Para além disso, esta moradora de Pontével levanta a questão das crianças que se deslocam a pé para a escola e apanham com todo este trânsito.
Pedro Ribeiro agradeceu a presença de todos no sentido de ali exporem a situação e lembrou que nos últimos meses reuniu, “três ou quatro vezes”, com a Câmara Municipal da Azambuja “que é uma parte importante para a resolução deste problema”. Segundo o presidente da Câmara do Cartaxo, que lembra que “tínhamos assumido o compromisso de resolver este assunto durante o mês de setembro”, já está agendada uma próxima reunião na Azambuja, no dia 25 deste mês, “com a expectativa de que esta reunião seja a reunião conclusiva e fecharmos acordo”. Caso não se chegue a acordo, Pedro Ribeiro diz que “não vale a pena tentarmos mais, e colocamos nós os sinais e passamos nós a regular”, adiantando que “por uma questão de cordialidade entendemos que era bom os dois municípios cooperarem a bem das duas populações e das vias que nos servem que, como sabem, estão em mau estado”.
Por outro lado, Pedro Ribeiro lembra que “depois, teremos que fazer um levantamento daqueles que vivem em Pontével e dos agricultores que possam ter a necessidade de usar o seu trator para aceder a uma propriedade”, de modo a não condicionar estas pessoas. Pedro Ribeiro afirma que esse levantamento será feito em conjunto com a Junta de Freguesia, assim como com a GNR que ajudará na questão dos sinais de trânsito. “A perspetiva é melhorarmos, porque o que hoje temos é bastante prejudicial para a freguesia e para o concelho”, reconhece o presidente.
Jorge Pisca também esteve presente na reunião e fez questão de lembrar que “estes tratores que fazem “um circuito sazonal” e que estarão mais um mês nestes trabalhos. Segundo o presidente da Junta de Pontével não é o peso dos tratores (que transportam duas toneladas) que vão degradar o piso, mas “é muito movimento”, diz Jorge Pisca, porque “são dez tratores a circular e cada um faz sete viagens”, o que perfaz setenta viagens por dia.
O presidente da Junta lembra que tanto a Avenida 9 de Abril como a Rua do Moinho Grande “estão muito degradadas”, sendo que esta última tem passeios e a 9 de Abril não tem. “É difícil os miúdos circularem porque não têm passeios” e, aponta ainda, os carros muitas vezes estacionam nas bermas a impedir a livre circulação das crianças. Com isto, Jorge Pisca apela para a requalificação do asfalto e colocação de lombas que obriguem os veículos a abrandar a marcha.
Ainda quanto aos pesados, o autarca de Pontével reforça que nem as estradas nem os edifícios da freguesia estão preparados para receber o atual tráfego de pesados de 40 toneladas, “que prejudicam muito a freguesia de Pontével”, mas quer crer que a situação se irá resolver. Já os seus fregueses, nomeadamente os que estiveram presentes nesta reunião de Câmara, disseram ao Jornal de Cá que estão prontos para “partir para outras instâncias”, caso os dois municípios não cheguem a acordo na colocação de um sinal “que proíba a passagem de pesados”, assim como “lombas bastante altas para abrandar a velocidade que é muita, parece uma autoestrada”, avisam.