Prioridades e preocupações

Opinião de Matilde Cunha

Sabiam que enquanto se dão ao trabalho de escrever comentários sobre um post de diz-que-disse sobre a desarrumação de um gabinete na Câmara Municipal do Cartaxo, há ervas que chegam até aos joelhos no Parque de Santa Eulália ou na Urbanização Quinta da Cabreira?

Sabiam que enquanto denigrem o único jornal da freguesia por ter dado uma suposta “notícia sem fundamento”, foi também por aqui que muitas pessoas tiveram conhecimento que o ex-presidente da Câmara do Cartaxo e ex-secretário de Estado foi condenado a quatro anos de prisão com pena suspensa, por gastar 14 mil euros que pertenciam a todos nós, que pagamos impostos? Ou que é através deste mesmo meio de comunicação que se tem conhecimento de muito do que acontece no município?

Sabiam que, enquanto a Câmara Municipal do Cartaxo está novamente em obras – desta vez para aparente instalação de equipamentos de aquecimento e outras melhorias –, a Escola Secundária do Cartaxo mantém-se em lista de espera para obras há mais de dois anos, mesmo quando foi anunciado, mais do que uma vez, que o “financiamento está assegurado”? E que os alunos que aqui estudam também passam frio, em salas com condições degradantes, onde faltam estores, mobiliário em condições e não há um único quadro interativo a funcionar, ainda que se clame aos quatro ventos que a tecnologia está relacionada com a nova forma de educar?

Sabiam que há ervas a nascer nas estradas? E que há freguesias em que o lixo passa semanas sem ser recolhido? Ou que há sítios onde a estrada nem alcatrão tem? E que há terras deste concelho que nem saneamento básico têm?

Sabiam que o Centro de Saúde do Cartaxo – que serve (ou deveria servir) de apoio a todas as outras freguesias – não atende mais do que oito pessoas a partir das 20h, sendo nós, os doentes, obrigados a deslocar-nos ao Hospital Distrital de Santarém, mesmo que o problema seja mínimo, sobrecarregando desnecessariamente as urgências do Hospital?

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Mas não tem mal! Continuamos a assobiar para o lado…

Afinal, as publicações nos grupos de “desabafo” do Facebook sobre o município ou os comentários dos posts sempre têm mais adesão do que as urnas em dia de eleições, e o agir nesta nossa terra é atrás de um computador, a perder tempo em discussões “infantis”, quando está aos olhos de todos que há prioridades bem mais importantes a resolver.

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