Produzir ou vender? Certifique-se que sim!

Por Hugo Vieira
Por vezes a nossa atenção está tão focada em “produzir melhor” que não olhamos para “vender melhor”.

Nem todos os produtos agrícolas são iguais, nem todos os mercados para os mesmos são semelhantes. Se na vitivinicultura temos no Cartaxo uma boa tradição e mercado de venda (seja das uvas diretamente à Cooperativa ou a outros agentes privados, ou diretamente do vinho), outros produtos frescos têm ou podem ter alguns mercados mais complexos.

E se por vezes temos um “mercado certo” “à porta de casa”, há também vezes em que estamos a ignorar mercados mais rentáveis e cujo método ou custo de produção pode não variar assim tanto quanto isso.

Neste segmento podemos estar a falar de lojas de especialidade de produtos “gourmet” ou de nicho, ou, por exemplo, um mercado de exportação.

Seja qual for a oportunidade que pretendemos agarrar, uma das melhores maneiras de nos diferenciarmos da concorrência e de abrir novas janelas de venda é a certificação do que produzimos, da nossa exploração ou dos nossos produtos.

Dentro das certificações específicas para a agricultura, destaco o Modo de Produção Biológico (que já falei anteriormente), e o GlobalGAP.

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O Modo de Produção Biológico é uma certificação mais “virada” para o consumidor que deriva de um Regulamento Europeu e visa combinar práticas de proteção ambiental, preservação dos solos e aumento do bem-estar animal. Este tipo de certificação pode ser importante quer para vender em lojas de especialidade ou de nicho, como para tentar exportar o seu produto, tentando garantir um maior preço. De ressalvar que poderá existir um aumento do custo de produção ou do tempo despendido.

O GlobalGAP é um referencial “privado”, mais virado para o intermediário ou distribuidor, visto que a referência na embalagem final é apenas um conjunto de números precedido por GGN. Ou seja, não tem uma referência direta para o consumidor. Este tipo de certificação tem objetivos ambientais, mas também de segurança alimentar e sustentabilidade da unidade de produção. O tipo de mercado que pode procurar esta certificação costuma ser mais um mercado de exportação, ou distribuidores já de grande dimensão no país. A sua implementação não tem uma influência direta no aumento do custo de produção, mas há que ter em atenção que esta norma obriga, por exemplo, à realização de análises físico-químicas e microbiológicas à água utilizada, assim como análises a eventuais resíduos de substâncias ativas de produtos fitofarmacêuticos utilizados.

Depois, e dependendo do tamanho da sua exploração, pode optar ainda pelo Add-on GRASP de boas práticas sociais, ou, se tem uma zona de manipulação e embalamento, não esquecer o HACCP e eventualmente uma certificação mais rigorosa como a BRC.

Se tem interesse no desenvolvimento destes e de outros assuntos, envie um email com as suas questões ou sugestões para o Jornal de Cá.


Hugo Vieira é Consultor Agro-Alimentar. Artigo publicado na edição impressa de agosto do Jornal de Cá

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