A PTWIDE é uma empresa jovem, sediada no concelho do Cartaxo, faz quase 12 anos, que atua na área de sistemas de segurança, já captou grandes clientes a nível nacional e dá cartas lá fora, pela qualidade de serviço e customização das soluções que oferece.
A PTWIDE nasceu em Vila Chã de Ourique, onde permaneceu uns anos com “zero visibilidade”, mas já com trabalhos em carteira. Os fundadores, Mauro Silva e David Pontífice, conheceram-se no Instituto Superior Técnico, onde frequentaram o curso de engenharia eletrotécnica e de computadores, e foi lá que tiveram a ideia de criar uma empresa juntos, à época com foco na domótica e em todos os sistemas de automação, mas depressa mudaram o foco para os sistemas de segurança e, desde então, tem sido sempre a crescer. No verão passado deram um passo maior ao adquirirem a Aristides Ramalho, Lda e o negócio expandiu para a área dos extintores, trazendo-lhes boas perspetivas de crescimento e também uma maior visibilidade. Atualmente, estão na loja da Aristides Ramalho, Lda, na Rua Serpa Pinto, no Cartaxo.
Quando os jovens empreendedores criaram a empresa, em 2010, o País enfrentava uma forte crise económica que fez parar a área da construção civil, o que os fez dar a volta ao negócio e focarem-se na área da segurança. Mauro Silva trabalhava na SIC e, também fruto de outros trabalhos, tinha já alguma experiência na área da segurança, o que facilitou esta mudança. Inicialmente, ambos iam dando avanço ao trabalho da empresa nos tempos livres, visto que ambos tinham o seu emprego – David, na área da banca, muitas vezes pela noite dentro, até começarem a crescer e a recrutar mais pessoas para a sua equipa.
Mantiveram a empresa sempre no concelho, nos primeiros anos em Vila Chã de Ourique, por Mauro Silva ser natural desta freguesia e ter mantido sempre uma ligação mais constante à terra. David Pontífice, sendo natural de Tortosendo, acabou por ficar por Lisboa, depois dos estudos, tendo neste período trabalhado também em Londres e Madrid. Naturalmente, a PTWIDE manteve-se cá, tendo em conta ainda que está perto de Lisboa, onde se concentram boa parte dos clientes, e tem custos mais baixos. “Esta é uma boa localização e acho que fizemos bem em ficar aqui”, considera David.
FC Porto na carteira de clientes
“Todos os dias há equipas nossas a ir para Lisboa. Ir a Lisboa, para nós, é quase como ir a Santarém”, conta Mauro, lembrando que até as idas ao Porto, onde também têm grandes clientes como o Futebol Clube do Porto, não ficam mais longe do que se estivessem em Lisboa. Contudo, com o crescimento da empresa no norte do País, já ponderam ter uma representação da empresa no Porto, de modo a estarem mais próximos dos clientes e assim darem o suporte necessário. No Estádio do Dragão, e para que se possa perceber pelo que passa o trabalho da PTWIDE, tiveram um trabalho muito grande, em parceria com outra empresa: “fizemos toda a remodelação do sistema de controlo de acessos do estádio e também uma componente do centro de treinos. Foi tudo refeito para uma plataforma de segurança, num software específico com que nós trabalhamos, e remodelámos toda a cablagem e parte das câmaras CCTV do estádio”.
Nós somos muito focados na qualidade, não somos tão orientados ao lucro direto. Nós não queremos vender a solução mais cara, nós tentamos vender aquilo que realmente faz falta ao cliente.
Mauro Silva
A empresa dedica-se às soluções de segurança, com a instalação de câmaras de vigilância assentes em redes de dados, num sistema de software. “Nós vendemos as soluções completas instaladas no cliente, a funcionar”, explica Mauro Silva, acrescentando que muitos dos grandes clientes com quem trabalham chegaram à empresa pelo “bom nome” que deixaram noutros trabalhos.
“Nós somos muito focados na qualidade, não somos tão orientados ao lucro direto. Nós não queremos vender a solução mais cara, nós tentamos vender aquilo que realmente faz falta ao cliente”, frisa Mauro Silva. “A PTWIDE não se pode comparar a uma Prosegur ou a uma Securitas. Essas são empresas que, por um lado, são muito grandes e têm ali uma componente de segurança humana que é onde estão os grandes volumes de faturação e, portanto, é isso que as faz gigantes. Só que, ao mesmo tempo, uma empresa dessas tem um comercial que conhece bem o produto, mas nem tanto da sua instalação. Nós aqui não temos um produto, nós cobrimos toda a cadeia de valor: desenhamos a solução para o cliente e depois somos nós que a implementamos, somos nós que damos suporte e fazemos a manutenção”, explica David Pontífice, afirmando que “já somos grandes o suficiente para ganhar concursos públicos a essas empresas, mas somos pequenos, no bom sentido, para assegurar que conhecemos bem o nosso cliente”. E Mauro acrescenta: “para além das soluções de mercado que já existem, nós personalizamos e desenvolvemos customizações para determinado cliente”.
Dizem que muita gente ficou a conhecer a PTWIDE com o projeto da Agriloja do Cartaxo, mas na realidade têm na sua carteira de clientes a ANA Aeroportos de Portugal, o Futebol Clube do Porto, autarquias, instituições da área militar, entre outras grandes empresas e instituições. “A qualidade do nosso serviço é que nos distingue”, sublinha David, justificando a conquista destes clientes.
Aquisição da Aristides Ramalho, Lda
“A PTWIDE teve entretanto a oportunidade de adquirir uma empresa, dentro da mesma área, porque a Aristides Ramalho, Lda já fazia controlo de acesso e deteção de intrusão, conseguimos fazer crescer o nosso leque de serviços com a área dos extintores”, conta Mauro Silva. Depois de um ano em conversações, em agosto de 2021 realizava-se o negócio.
Foi um grande investimento e, desta vez, tiveram de recorrer à banca, “porque achámos que era um investimento que fazia sentido”, diz Mauro Silva. “Por um lado, nós íamos ficar com esta área dos extintores que nunca tivemos na PTWIDE e acabava por ser complementar à nossa oferta, porque encaixa perfeitamente na componente da segurança – nós já tínhamos a deteção de incêndio, mas não tínhamos a parte da extinção. Por outro lado, tem uma carteira de clientes grande, é uma empresa com mais de 30 anos e uma referência na nossa zona e aqui à volta, na área dos extintores”. Para além disso, o negócio envolve também a parte das instalações e outros bens. “Ficámos com o bolo todo. Entre a compra da empresa, do novo escritório, de equipamentos e melhorias diversas foi um investimento de meio milhão de euros”, diz Mauro, acrescentando ainda o aluguer da loja, onde estava a Aristides Ramalho, Lda e onde a PTWIDE já se instalou, mas que não pertencia à empresa. Finalmente, nesta loja conseguem uma visibilidade muito maior do que alguma vez tiveram. (A compra da loja na Rua Serpa Pinto, no Cartaxo, não aconteceu, como o Jornal de Cá disse, por lapso, na edição impressa de fevereiro, onde esta entrevista foi originalmente publicada, e, pelo erro, pedimos desculpa aos nossos leitores e aos visados).
A Aristides Ramalho, Lda passou a denominar-se Safetyfire, empresa do grupo PTWIDE direcionada para a deteção e extinção de incêndios, mas também para os EPI (equipamentos de proteção individual), entre outros equipamentos para a proteção das pessoas, e a PTWIDE mantém a área da segurança, com os sistemas de CCTV, deteção de intrusão e controlo de acessos. “Segmentámos a empresa por áreas de negócio e embora sejam duas entidades fiscais diferentes a nossa gestão é transversal às duas empresas. Nós gerimos isto como um grupo empresarial que tem duas entidades, mas mesmo as equipas técnicas acabam por ser um acúmulo de recursos que nós temos, que trabalham tanto de um lado, como do outro”, explica Mauro.
Voltaram, assim, ao contacto com clientes mais pequenos, tal como haviam começado há quase 12 anos com a PTWIDE, quando trabalhavam ainda com sistemas analógicos e até decidirem focar-se “em coisas maiores”, passando a operar com sistemas digitais e a trabalhar em projetos maiores.
Agora já podem apresentar trabalhos de manutenção de extintores aos clientes com quem trabalhavam na área da segurança, assim como passam a ter uma carteira de novos clientes, na área dos extintores, a quem podem apresentar novas soluções de segurança, nomeadamente àqueles a quem a Aristides Ramalho montou sistemas de CCTV analógicos e que a PTWIDE pode agora melhorar.
Doze anos de PTWIDE
Em junho deste ano, a PTWIDE celebra 12 anos e a marcar o acontecimento Mauro e David pretendem abrir a nova loja, ao lado da atual e que também confronta, nas traseiras, com o armazém da empresa. “Estamos agora a arrancar um ciclo em que a primeira fase tem de ser de consolidação. Este último ano foi de muitas mudanças e agora temos de consolidar este modelo, esta nova estrutura”, refere David, frisando que “agora queremos explorar toda esta carteira de clientes”. E Mauro acrescenta: “Nós temos uma quantidade de soluções que podem encaixar perfeitamente nas necessidades desses clientes”.
E as expetativas são boas, visto que a carteira de clientes da Aristides Ramalho, Lda abarca também grandes clientes. Diz David, a título de exemplo, que “temos aqui dois clientes, a Atlantic Cargo e a Rodo Cargo – são mais de mil extintores em causa – que só fazemos os serviços dos extintores. Estas empresas pertencem ao Grupo Barraqueiro”, nota, perspetivando o futuro, com a possibilidade de entrar “neste network de empresas”, com outras soluções. “É uma porta de entrada”, observa o empresário, que vem sendo responsável pelas áreas da gestão financeira e recursos humanos da empresa.
Há empresas no estrangeiro que chegaram até nós através do passa a palavra, por sermos uma empresa que faz as coisas com qualidade.
David Pontífice
E se já operam em várias zonas do País, também o estrangeiro não lhes escapa, nomeadamente em parceria com uma empresa do Reino Unido, que faz instalações em grandes empresas, como a Pfizer, por exemplo. “Há empresas no estrangeiro que chegaram até nós através do passa a palavra, por sermos uma empresa que faz as coisas com qualidade”, garante David Pontífice.
Para além de outros projetos paralelos que vão levando em parceria com outras empresas inovadoras, querem vir a ter a capacidade de desenvolver, “proativamente, produtos de software que possam escalar para o mundo inteiro”. Mas, para isso, diz Mauro Silva, responsável pela área operacional, gestão técnica e comercial da empresa, “precisamos de ter pessoas dedicadas a isso. Nós precisamos de mais pessoas. Estamos com um grande volume de trabalho e não gostamos de falhar com as nossas responsabilidades aos clientes. Portanto, vamos ter de fazer crescer a equipa”, conclui.
Sorte de quem conseguir ingressar nesta empresa, onde os funcionários são valorizados pelo seu trabalho. “Procuramos dar oportunidade às pessoas [de subir dentro da empresa] e avaliamos as pessoas todos os anos, o que também determina o pacote salarial do ano seguinte”, revela David, adiantando um conjunto de inovações que ajudam a motivar os colaboradores, “para que todos gostem de trabalhar aqui e porque gostamos que todos cresçam aqui”: entre outros benefícios, o dia de aniversário é dado aos funcionários, assim como a última sexta-feira do mês só se trabalha meio-dia e é neste dia que, muitas vezes, almoçam juntos. A flexibilidade nos horários também é uma realidade, mas sempre que a empresa precisa de horas extra, os funcionários estão lá.
É uma empresa jovem, com os dois fundadores, com idades a rondar os 40 anos, a serem dos mais velhos da equipa. Por alto, apontam os 30 anos como média de idades na empresa. São, atualmente, 13 pessoas na empresa, um número que, já percebemos, irá crescer, sendo que também recebem jovens estagiários, nomeadamente de cursos profissionais, e alguns ficam na empresa. Todos passam por ações de formação, como manda a lei, mas muita da formação que têm é interna. “Nós temos muito know how interno e tentamos nivelar os conhecimentos de todos os técnicos”, conclui Mauro, sempre com o objetivo de servir bem o cliente.