À semelhança do país, também o Cartaxo tem vindo a atravessar uma crise, com nefastas consequências económicas e sociais sobretudo, na desmotivação da geração jovem, fundamental para a necessária reposição de gerações.
De acordo com o último Censo de 2011, o concelho tinha uma população ativa de 10.238 pessoas, sendo o setor do comércio e serviços com 72,4 por cento aquele que atraia mais emprego, seguido da atividade industrial com 23,3 por cento e por fim, da agricultura, que não representava mais de 4,3 por cento do emprego concelhio. Desta forma, a dependência excessiva do setor terciário que se verifica, sobretudo baseado na pequena ou micro empresa, traduz uma economia pouco consistente e muito exposta à redução significativa do poder de compra da população, resultante de uma política de cortes de rendimento com efeitos recessivos na procura.
Mas se hoje a situação da economia do concelho é preocupante, o que mais nos deve afligir é a falta de perspetivas futuras para a geração jovem, “empurrada” para a emigração, com o mito que a globalização das economias justifica a disponibilidade da procura de emprego em novas paragens do globo, em especial, dos jovens quadros mais qualificados.
Nada mais errado para uma política de desenvolvimento que tenha como objetivo corrigir assimetrias regionais e promover um desenvolvimento regional equilibrado. Não queremos um país concentrado em quatro ou cinco centros urbanos na sua faixa litoral. Nem queremos também, um país “pagador” de recursos humanos, bem qualificados, que irão produzir riqueza para outros países desenvolvidos (que não tiveram qualquer custo na sua formação). Se foi o concelho do Cartaxo que suportou e suporta, a educação e formação dos seus jovens, não é justo que estes sejam incentivados a partir, desfazendo agregados familiares com graves mazelas sociais, quando a sua terra e região tanto precisa deles. A educação é um legado de uma geração para a seguinte e os recursos humanos são, sempre, a parcela mais rica e promissora do potencial de uma terra.
Segundo dados do Centro de Emprego, no final de janeiro havia inscritos 311 desempregados até aos 34 anos, residentes no concelho do Cartaxo, dos quais 140 tinham habilitação superior. Dados esses, que nem contabilizam os muitos outros jovens que já optaram por sair do concelho ou até emigrado. É um potencial humano que o Cartaxo custeou mas que, infelizmente, perdeu.
Mas hoje, não basta lastimar a realidade. Importa, antes, num tempo em que, felizmente, outras opções políticas começam a ser propostas e em que novas esperanças são depositadas nos próximos fundos comunitários, equacionar com realismo uma estratégia, envolvendo todos os agentes de desenvolvimento do concelho, que contemple o investimento em projetos credíveis e geradores de emprego.
É urgente dar uma esperança acrescida a um concelho que não se conforma em não saber reter e viabilizar o futuro dos seus filhos.
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