Reduzir o desperdício e poupar só depende de si

Por Hugo Vieira
Quantas vezes olhamos para o frigorífico e vemos aquele iogurte cujo prazo era há uma semana atrás? E na dispensa aquele pacote de bolachas lá esquecido atrás com a validade no mês anterior? E agora, vai para o lixo ou não faz mal?

Esta decisão entre mandar um bem alimentar para o lixo prejudica não só a carteira como também o meio ambiente. Não só pelo excesso de lixo produzido como pelo gasto na produção desse alimento e embalagem. Cerca de 1/3 dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados.

É estimado que na Europa são desperdiçadas mais de 88 milhões de toneladas de comida por ano, sendo de cerca de 1 milhão de toneladas em Portugal. Isso equivale a cerca de 100 kg de alimentos por habitante por ano (ou mais do que 1 bife por pessoa por dia).

Se por um lado, por vezes não é possível evitar algum desperdício, é certo que pequenas atitudes podem otimizar o nosso consumo quer na perspetiva ambiental como económica.

As promoções nem sempre são amigas da carteira: De que serve trazer uma embalagem familiar de um produto que só consome muito esporadicamente? Não faça compras por impulso, não vá às compras com fome e sem lista. Pense sempre no tempo que vai demorar a consumir o que está a comprar. Comprar para estragar não vale a pena;
Perceba a diferença entre “consumir de preferência antes de” e “consumir até”: O primeiro apenas indica uma data até à qual o alimento, segundo o fabricante, mantem as suas condições ótimas de consumo, o segundo indica a validade em termos de segurança alimentar. Se no caso do primeiro podemos encontrar, por exemplo, num pacote de tostas, ou até num iogurte, o segundo encontramos em produtos frescos como carne picada.

São exemplos do que pode consumir depois do prazo de validade (e que apresentam a menção “consumir de preferência antes de”) o pão (que pode até congelar ou torrar), os iogurtes (pode consumir até 6 semanas depois, desde que o iogurte não se encontre opado nem apresente cheiro característico de estar alterado), o chocolate, os ovos (o teste de colocar na água e depois partir individualmente para uma taça e cheirar é a melhor forma de verificar se o ovo é seguro para o consumo), o arroz e as massas (tendo um conteúdo em água praticamente nulo, aguentam vários meses após sem qualquer alteração das características), as batatas fritas e bolachas (podem ficar mais “moles”, mas em termos de segurança alimentar não terá qualquer problema em consumir largas semanas depois do prazo), as conservas enlatadas (desde que não fiquem opadas pode consumir até mais de um ano depois do prazo, e o aroma é sempre o amigo aqui para perceber se está ou não próprio para consumo), a farinha, café e chá (não tendo conteúdo em água, permanecem inalterados durante bastante tempo), os frutos secos e especiarias, o açúcar e o sal (estes por si são “conservantes alimentares”, desde que não adulterados, permanecem anos sem qualquer problema para consumir.

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Na prática devemos utilizar o nosso bom senso. Em alimentos com a menção “consumir até”, devemos cumprir escrupulosamente o prazo, tendo nestes mais atenção ao tamanho das embalagens que compramos. Os restantes devemos ter espírito crítico e usar os nossos sentidos. Quanto menor o conteúdo em água e nutrientes, maior será o prazo de conservação do mesmo. Assim como quanto maior o conteúdo em sal e açúcar (os doces, marmeladas, frutas cristalizadas por exemplo), mais tempo também se conservam.


Hugo Vieira é Consultor Agro-Alimentar. Artigo publicado na edição impressa de outubro do Jornal de Cá

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