Refugiados: o humanismo será suficiente?

Opinião de Jorge Honório

Uma Europa a dois andamentos. Os últimos acontecimentos na Europa, com a crise dos refugiados de guerra, trouxeram à liça o sempre enaltecido espírito humanista dos europeus: fica sempre bem valorizar esta virtude cristã em que me revejo! Mas será mesmo assim em toda a Europa? Pelos vistos, não! De qualquer modo, hoje em dia é muito cool ser ou parecer mais humanista que o vizinho do lado!

Uma Europa refém da sua inércia e das cores. Porquê agora toda esta repentina solidariedade com os sírios, quando argelinos, etíopes, somalis, afegãos, iraquianos, líbios, egípcios, …, estão em fuga há vários anos, também são refugiados de guerra, e não tiveram direito a nada? Por pressão da opinião pública? Para limpar anátemas do passado? Por necessidades económicas e demográficas? Por não haver outra saída? Penso que será um mix de tudo isto e de mais alguma coisa!

A Europa do “leite e do mel”. Também não deixa de ser motivo de reflexão que os refugiados prefiram encontrar refúgio nos países da Europa do Norte e Central, países comummente designados de direita, liberais, neoliberais, etc., em detrimento da Europa do Sul, falida mas dita social e de esquerda? Quanto à mobilidade interna, tiremos o cavalinho da chuva: no presente, os refugiados sírios têm preferência pois são igualmente qualificados mas mais baratos e menos reivindicativos que os europeus do sul.

A Europa e os mitos do nosso tempo. Quem vai proteger a pátria síria, ou outra, do extremismo islâmico? Os naturais de lá não são porque, entretanto, fugiram. Assim, a presente crise coloca-nos face a um dos grandes mitos do nosso tempo: a de que podemos substituir as intervenções militares por intervenções humanitárias. Lembram-se do que se passou na II Guerra Mundial? E na Guerra dos Balcãs? Haja dinheiro, drones e soldados americanos…! Até quando será assim? Não sei!

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