Reinventar o turismo ribatejano, é preciso!

Opinião de Renato Campos

É inquestionável que o Ribatejo, pelo menos a sub região da Lezíria do Tejo cuja vivência quotidiana conhecemos bem, tem passado ao largo do extraordinário surto turístico que nos últimos tempos tem vindo, de forma progressiva, a alavancar o crescimento económico do país. Infelizmente, não de uma forma homogénea, mas particularmente, com maior intensidade, na Grande Lisboa, Porto, região duriense e no tradicional Algarve!

No entanto esta região ribatejana está “encostada” à Grande Lisboa e poderia ser beneficiada, se planos credíveis houvesse para isso, pelo arrastamento do seu boom turístico. Isso, claro, seria bem mais fácil se existisse uma Região de Turismo do Ribatejo que, de uma forma profissional, planeasse e programasse a promoção da região e incentivasse de forma sustentada a sua atratividade. Temos consciência que o Ribatejo não possui um potencial de grande visibilidade atrativa para turismo. Mas também conhecemos que existe na região um considerável conjunto diversificado de muitas pequenas grandes coisas, que num contexto integrado, poderiam constituir programas aliciantes para certos extratos de turistas. De outro modo, não faz sentido promover-se, de uma forma avulso, certas “capitais temáticas” como a do “vinho”, do “gótico”, da “cortiça”, do “desporto”, do “cavalo”, etc., se no seu todo a região não é turisticamente aproveitada e promovida. Perderam-se as outrora criadas “Rotas do Vinho”, “turismo em espaço rural”, etc., e nunca se souberam aproveitar de forma integrada as potencialidades do Tejo – o maior rio ibérico ! Se dúvidas ainda houvesse, basta lembrar o extraordinário desenvolvimento turístico do Douro.

Toda esta omissão do aproveitamento turístico do território ribatejano, resulta muito, em nossa opinião, do facto de há cerca de 4 anos, lamentavelmente, a Região de Turismo do Ribatejo ter sido extinta e integrada por via legislativa na Região de Turismo do Alentejo da qual hoje turisticamente faz figura de corpo presente, perante a inexplicável passividade dos responsáveis ribatejanos. O turismo é uma importante atividade motora do desenvolvimento integrado dos territórios, geradora de novas atividades e criadora de postos de trabalho. Se a atual situação aberrante da integração do turismo ribatejano na região alentejana não resultou, então há que ter a vontade e a coragem política para a reverter, e criar de novo a Região de Turismo do Ribatejo. Pelo menos, sabia-se dos planos turísticos propostos para a região ou da sua ausência, e sabia-se, sobretudo, a quem pedir responsabilidades da sua eventual inoperância.

Enquanto isto, o acréscimo de turistas está a bater recordes e a constituir o motor do crescimento do país. Pena é que o Ribatejo continue neste dormitar, agarrado a valores passadiços e perdendo as oportunidades do presente.

 

Artigo publicado na edição de junho do Jornal de Cá.

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