Há poucos anos este termo passou a designar todos os negócios relacionados com cafés, pastelarias e restaurantes, e a palavra restauro é empregue por todos aqueles que se dedicavam à “ restauração” de coisas antigas.
Para grande parte dos portugueses, o dia 1 de Dezembro, que celebra a Restauração, foi ficando esquecido, uma larga maioria desconhece o seu significado, deixando este recentemente de ser um feriado nacional.
O 1 de Dezembro de 1640 – e passam agora 374 anos sobre esta data (o equivalente a cerca de 12 gerações de portugueses) – celebra o dia em que Portugal rompeu os elos que o ligavam a Espanha, embora formal e juridicamente, o Reino nunca tivesse perdido a independência. Felipe II de Espanha, I de Portugal, dizia sobre Portugal: “Yo lo compré, yo lo conquisté, yo lo heredé”, e estava certo nesta frase que parecia provocatória, mas que era a pura realidade. Não vou agora nestas apressadas linhas contar-vos a história ou os episódios da Restauração, mas apenas dizer-vos que foi necessário uma guerra diplomática – muito bem arquitectada – e uma longa guerra militar (1640-1668), para que a Portugal lhe fosse reconhecida a secessão e o direito a ser novamente um Estado-Nação reconhecido na cena internacional. De D. João IV, passando por D. Afonso VI e D. Pedro II, a guerra arrastou-se até às vitórias esmagadoras de Montes Claros, Castelo Rodrigo e do Ameixial. Depois procurou ir-se recuperando o Império, que holandeses, franceses e ingleses cobiçavam, assim como, não nos podemos esquecer, que durante o chamado domínio filipino, num “Império em que o Sol nunca se punha”, os inimigos de Espanha passaram a ser os inimigos de Portugal. Não foi fácil, mas Portugal conseguiu-o.
Hoje Portugal precisa novamente de uma Restauração, mas até agora ainda não apareceu nem um João Pinto Ribeiro, nem quarenta conjurados (que afinal eram mais), nem uma Duquesa corajosa, que preferia ser “Rainha por um dia, do que Duquesa toda a vida!”. Portugal aparece curvado, desvirilizado e à deriva.