Retratos de um povo orgulhoso das suas raízes

A Festa dos Fazendeiros é um evento de cariz popular e etnográfico que já se realiza há mais de meio século. Um marco importante na freguesia de Pontével que recria os tempos de 1900 e as vivências e tradições deste povo, orgulhoso das suas raízes.

Não fosse a pandemia, que nos acompanha há um ano e nos vem impedindo de realizar e de ver tanta coisa, por esta altura Pontével estaria a preparar-se para realizar mais uma edição da Festa dos Fazendeiros, festa de cariz popular e etnográfico que se realiza há 65 anos. Realizada, nas últimas décadas, de dois em dois anos, calhava este ano fazer a festa que enfeita as ruas de Pontével e leva as pessoas à rua para assistir ou participar no tradicional cortejo com carros temáticos, alusivos às atividades agrícolas, económicas e sociais da freguesia, composto ainda por grupos que acompanham os carros complementando a história ali representada.

Inicialmente realizada no domingo de Páscoa, a Festa dos Fazendeiros de Pontével começou, em 1956, por ser um marco importante na vida da freguesia, sendo ponto de encontro de agricultores e fazendeiros que, para além de recriarem os tempos dos seus pais e avós, também naquele dia, pela manhã, levavam o gado ao concurso de pecuária, realizado por largos anos, até dar lugar à exposição canina, anos mais tarde, mas que atualmente também já não faz parte do programa da festa, tal como fora idealizado nas primeiras edições, pelo primeiro presidente, eleito democraticamente, da Junta de Freguesia de Pontével, e, também, grande dinamizador da cultura, do associativismo e fundador do Jornal a Voz de Pontével, João da Silva Pimenta.

Ao longo de mais de meio século, a festa dos fazendeiros foi sofrendo alterações, não só ao nível do programa, mas também da organização e até da sua periodicidade e data, que, entretanto, passou para o domingo de pascoela. Inalterado mantém-se o apelo à participação dos pontevelenses neste evento que celebra as vivências e tradições deste povo, orgulhoso das suas raízes. Esta festa “será sempre um vivo cartaz de propaganda da nossa aldeia, se os pontevelenses persistirem evidentemente na sua realização”, lia-se num artigo dos anos 50 do jornal A Voz de Pontével. Como tal, as pessoas vêm respondendo à chamada e mantêm, assim, salvaguardada e preservada a memória das suas gentes e tradições, ao longo de gerações.

Muitos dos que hoje são avós e já levam os netos a participar já participavam nas primeiras edições, com os seus pais e avós. Jorge Pisca, atual presidente da Junta de Freguesia de Pontével, conta que participou no cortejo “logo em pequeno”. “O meu pai participou na primeira edição, e os meus filhos também já participaram e é giro ver os avós, os filhos e os netos juntos no cortejo, seja no mesmo grupo seja em grupos separados”, diz. Recorda os primeiros anos em que o cortejo se fazia com carroças e a pé, “agora são carros”, mas a família continua a juntar-se “uns dias antes” e “tem gosto de estar a arranjar o carro”. Ao longo de muitas edições, os melhores carros eram premiados, o que causava alguma competição entre os participantes, que sempre primaram por cumprir a rigor o quadro que representavam no cortejo.


Uma reportagem para ler na edição de abril do Jornal de Cá, nas bancas do concelho do Cartaxo. Saiba aqui como receber a edição em papel do Jornal de Cá


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No domingo 11 de abril vamos apresentar um documentário em vídeo sobre os 65 anos da Festa dos Fazendeiros. Não perca!

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